1 - O ESPANCAMENTO DO SOFÁ
Pobre sofá, apanhava, apanhava e não aprendia, a cada queixa dos vizinhos a porta se fechava e iniciava a sessão de espancamento, gritos, choro, sentenças de que ele seria morto se continuasse recebendo queixas do vizinhos, quase todos os dias no final da tarde a gritaria se repetia e ele não aprendia.
Moravam a avó, a mãe e o garoto de 12 anos. O pai? havia os abandonado, embora aparecesse de vez em quando com um presentinho. Ela a mãe permaneceu o resto da vida solitária.
Alguns vizinhos nem reclamavam mais, de tanta pena do sofá. Os mais revoltados decidiram chamar a polícia, mas antes resolveram espiar, por uma fresta debaixo do marco da janela, pronto o sofá fora salvo, a mãe a cada queixa, de posse do único objeto pessoal deixado pelo pai fujão, um cinto masculino, despencava cintadas no coitado do sofá, enquanto o som tomava conta da sala o garoto sentado numa cadeira ao lado se encarregava de gritar, poupando dos gritos o já tão surrado apanhante.
Alguns vizinhos em pé de guerra começaram a bater na porta dizendo tê-la desmascarado, então a porta se abre e todos se entreolham incapacitados, não dizem nada. Assim salvaram o sofá de apanhar e o garoto das travessuras.
O sofá continuou morando por ali e a noite todos sentavam-se nele para assistir televisão, ele feliz da vida enchia as almofadas de gratidão.