O PRIMEIRO DIA

Estava eu sentado olhando o por do sol, admirando esse espetáculo. Refletia sobre a gratidão dos céus em não nos cobrar nada em poder assistir esse show todos os dias. Dei graças ao sol, ao céu e as nuvens que aos poucos se rosavam, passando de um vermelho para um alaranjado e por fim o rosa. Em poucos minutos as primeiras estrelas apareciam neste céu fabuloso, e neste momento sentia uma leve brisa, uma brisa fresca, constante, que fazia um barulho. Era o vento me sussurrando: "é simples ser feliz".

Entretanto a leve brisa subitamente mudou, passou a ser um vento forte, cada vez mais forte. As estrelas logo desapareceram, uma nuvem negra enorme tomou o vasto céu, o vento mudou o tempo, de um tempo sem previsão de chuva para uma tempestade.

E eu que estava ali apenas observando tudo aquilo, que poucos minutos atrás estava leve e sublime como a brisa que outrora avia sentido. Eu, eu fui arrebatado pela mudança espontânea da natureza. Sentia o vento forte e também o cheiro da chuva, que aos poucos foi chegando a onde eu estava, pude ver a chuva aproximando-se da rua, a água já caia no seu começo, molhava o chão seco, aproximando-se, aproximando-se, até que finalmente fui atingido.

A chuva lavava-me e ensopava toda minha roupa. Fechei os olhos, abri meus braços, e fiquei sentindo a chuva cair, apenas sentindo a chuva cair. Olhava para cima e enxergava os pingos caindo do céu, brincava de tentar desviar-me das gotas d'agua. E a chuva caia, caia... lembrei-me de quando era criança, parece que ainda posso escutar minha mãe gritando: - “Sai da chuva, entra pra casa”.

Era uma chuva, com direito a raios e trovões. Trovões tão barulhentos que tremiam o chão.

Meu semblante era alegre. Naquele momento não pensava em nada, absolutamente em nada, até que... Bom me veio na cabeça à lembrança dela, do seu olhar, dos nossos momentos juntos. Mãe! Bem que você dizia que a melhor fase da vida é a infância. Oh mãe! Onde a senhora está?

E minhas lagrimas se misturaram com a água da chuva que escorria pelo meu rosto.

E foi nesse momento que um raio atingiu-me em cheio. E cai morto na rua, em frente a casa onde eu nasci.

E cá estou eu meu caro amigo. Convosco na sala de espera do inferno, contando os meus minutos finais de vida a ti.

(E a porta do inferno é aberta. Um senhor com um termo muito elegante, acompanhado de duas mulheres entram na sala e diz):

- Tu és um mentiroso em vida e em morte. Sabes muito bem Joaquim que não foi assim a maneira de sua morte. Morreu com um tiro no peito dado pelo marido de sua amante. Seu puíra! Entre já por aquela porta para sofrer as consequências de sua vida injuriosa.

E assim começa meu primeiro dia no inferno.

Brenner Vasconcelos Alves
Enviado por Brenner Vasconcelos Alves em 04/01/2014
Reeditado em 08/01/2014
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