1 - CHAPÉUS EMPRESTADOS
O Natal começara em setembro do ano de 1985, naquele mês e ano começaram a chegar as madeiras, tintas e parafusos. A missão era fabricar 50 berços para crianças, 100 conjuntos de peças de madeira para montar, carrinhos para bonecas e caminhõezinhos, então ele pegou o chapéu do Mosquitão, do Alecrim, do Mauro e o meu. O nosso Comandante gostava de cumprimentar com o chapéu dos outros.
Os dois primeiros de fato colocaram a mão na massa, não lembro o nome de ambos, nem se ainda vivem, eu somente gerenciava. Primeiro chegou a madeira de pinus, doada por empresários Maçons. Guardadas no galpão exalavam o perfume da resina, perfume que lembro até hoje.
Assim todos os dias a linha de produção girava fabricando os móveis e brinquedos, tudo dentro da previsão.
Prontos os brinquedos eram pendurados no galpão e recebiam esguichadas de tinta a óleo, primeiro a vermelha, depois a verde, a azul e assim por diante. Os berços foram envernizados, obra do Mauro.
No dia seis de dezembro fui transferido do 2º BPM e não assisti a entrega, deve ter sido uma festa mútua.
Cumprimentos com o chapéu dos outros deveriam ser obrigatórios, todos os anos deveríamos emprestar nossos chapéus, para assim fazermos o próximo mais feliz.
Do Livro: A força de Cada Um
2013 - 2014