O cansaço que o fim de ano provoca

Não, esse texto não é para falar do cansaço proveniente dos preparativos das festas e das comilanças de final de ano. É que ontem eu estava olhando o nada e fiquei pensando em todas as delícias que cercam os preparativos de Natal, Reveillon, mas me dei conta de que entre os momentos e a expectativa de felicidade, parece que nessa época acabamos mais sensíveis, reclusos, questionadores... Acontece com você?

Há duas vertentes para as quais não podemos nos entregar: à nostalgia e aos por quês. Parece que a memória, apesar do cansaço, ganha um turbo para as lembranças, que nem sempre, são boas. Até o décimo terceiro nos lembra das contas pendentes a pagar! A nostalgia nos coloca em lugares onde e com quem nós estivemos e que foram tão bons que gostaríamos de poder voltar... Lembramos de quem já se foi, seja materialmente, seja por escolha própria, do quanto a vida parecia mais fácil "naquele tempo", o que na verdade é uma sensação ilusória - porque cada época tem as dificuldades da idade e todas dependem de compreensão, coragem e força para superá-las - e por aí vai...

Os por quês, então, procuro olhar com o rabo-do-olho... Lembramos no que falhamos, erramos, nos cobramos por não ter mudado tudo o que gostaríamos, ou nos perguntamos porque o destino não viabilizou. Por que eu falhei? Por que aconteceu isso comigo? Por que eu (não) mereço? Por que não consegui falar/fazer o que planejei? Por que o que planejei não deu certo?

É preciso dosar a nostalgia e os questionamentos para que as "piras" não roubem a alegria de existir. Fala-se tanto na magia do Natal... talvez sua função seja lembrar que a nostalgia só é boa quando serve de combustível para inspirar a continuação da escrita da nossa história, ver as lembranças com alegria por ter se permitido viver os momentos, que por serem bons, ficaram guardados na memória. Quando me pego pensando "estou com tantas saudades...", em seguida procuro sorrir com a lembrança e pensar "que bom que eu pude viver isso para trazer à tona quando desejar". Todas as pessoas importantes para mim estarão comigo na ceia, materialmente ou bem quentinhas dentro do meu coração.

Aos atordoantes por quês, que insistem em nos apontar nossas fraquezas e falhas, devemos agradecer pela oportunidade de estar recomeçando um novo ano onde temos a possibilidade de fazer diferente. E talvez seja só por isso que temos o costume de contar o tempo na folhinha, contar os segundos antes da meia-noite e estourar champanhes juntos com fogos de artifício, para comemorar a recordação de que podemos nos dar sempre uma segunda chance, ajustando os ponteiros como "memorex" para que o novo ano represente a hora de tornar o que não aconteceu, possível.

Tenho certeza que em seu ano houve dias maravilhosos, inesquecíveis, surpreendentes... houve dias memoráveis que daqui a alguns anos serão lembrados com saudades... inúmeras realizações para fazer perceber que os esforços um dia são recompensados e não são em vão. E a inspiração para neutralizar os efeitos colaterais dos balanços inerentes à época deve vir desses sentimentos de vitória que todos precisamos respirar para começar um novo ano com a aspiração de guardá-lo em nosso livro histórico. Foi quaaase.

Gin C
Enviado por Gin C em 04/01/2014
Código do texto: T4636577
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