BRASIL , BRASILEIROS E A BAIXA ESTIMA

Somos um grande País, continental em extensão, mas temos também um complexo de inferioridade crônica, contagiante, melancólica e catastrofista, proporcional ao seu tamanho. Aqui parece que nada é possível, costumamos terminar algumas frases como se nos desculpássemos por ser coisa nossa, do Brasil. Não me recordo de nenhum político contestar os gastos com os estádios que sediarão os eventos, não antes que multidões fossem às ruas reivindicando investimos em outras áreas, e maldizendo os números dispendidos nas obras. Ai parece que todos os representantes falaram a mesma língua, correndo atrás do prejuízo. Somos um País extenso, com fossos abissais de desigualdades, em algumas regiões mais desenvolvidas cobra-se velocidade nas conexões da internet, noutras a luz elétrica chegou recentemente. Mas, ainda assim, nos alcunham de otimistas, será mesmo ? Os gastos nas arenas esportivas, imensos, diga-se, nunca foi levado à conta de investimentos no entretenimento e no turismo, fontes respeitáveis de receitas, no médio e no longo prazo, atraindo público e fomentando atividades comerciais, geradoras de rendas e de empregos. Não podemos ser a sede do mundial ( e olha que pessoalmente é me indiferente) porque temos necessidades mais prementes ( que aliás, e infelizmente, continuarão a existir, antes e depois da Copa), tais como carências na Saúde e na Educação. A propósito, a Africa do Sul, também não têm tais dificuldades, e, contudo, sediou a Copa ? Aqui, talvez como em nenhum outro País, por termos mais títulos, deveríamos ser, sim, anfitriões do evento futebolístico mais importante do planeta. Mas parece que não merecemos a primazia, nos confortamos com a nossa inferioridade, e ponto. O velho mundo tá caído em uma recessão tremenda, países como a Espanha experimentam a angústia de não ter empregos para seus jovens, assim como os franceses, Portugueses, Gregos, Italianos, entre outras nações, onde o PIB estacionou ou anda a conta gotas, porém parece que a tragédia é nossa, por crescermos pouco mais de 2%, índice de desemprego mais baixo entre as economias desenvolvidas, contudo, é pouco. Não estou reivindicando beneplácitos com as políticas públicas, sofríveis em alguns setores, o que cansa é o sentimento generalizado de impotência, não obstante os recordes de gastos em viagens internacionais dos brasileiros, aeroportos abarrotados de pessoas que antes não sonhavam com tais facilidades. Enquanto o mundo nos considera potenciais, nos consideramos raia miúda, incapazes de nos orgulharmos de nossa Terra e de nossa gente. A síndrome terceiro mundista ainda está no nosso DNA, apesar de sermos tidos e havidos como um povo feliz... por olhos estrangeiros.