Julgamentos
 
   Julgamentos a evitar. Todo juízo categórico se arrisca a ser temerário e quase sempre injusto. O princípio evangélico nolite judicare ut non judicemini  (não queirais julgar para não serdes julgados) recorda aos homens que não lhes compete erigir-se em censores ou juizes supremos. Neste nosso mundo em que todas as coisas estão em perene mudança e possuem infinitos aspectos, somente as naturezas superficiais ou dogmáticas podem ter a pretensão de pronunciar julgamentos definitivos. A vontade de compreender é no fundo uma suspensão do julgamento, uma aproximação à coisas, à pessoa, à realidade que se quer compreender com o ânimo liberto e disponível, numa atitude de simpatia e de participação que é bem diversa da atitude carrancuda de censura e de critica. A máxima de Chamfort, "quanto mais se julga, menos se ama" assinala a difícil convivência de amor e juízo crítico. Queremos ser compreendidos e ajudados por quem nos ama, não criticados e julgados. Quem se investe a si mesmo da autoridade de juiz se transforma num inquisidor que tem tem réus diante de si. Os comportamentos de amor são formas de comunicação e de unificação. O juízo crítico é uma conduta de separação na qual o julgador opõe-se ele próprio ao julgado. Entre os dois não existe paridade moral e intercâmbio. Um é justo, o outro é o culpado.
   A maior parte dos homens não tem pensamenos sobre nada e tem opiniões sobre tudo.

 
Roberto Gonçalves
Filósofo
RG
Enviado por RG em 03/01/2014
Reeditado em 25/05/2016
Código do texto: T4635028
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.