Bimbo, o peru de natal

Seu Juliano chegou em casa com uma bela surpresa, era véspera de natal, e ele trouxe o ponto alto da ceia, o peru, só que vivo!

_ Maria, tai o peru para nossa ceia, faz ele recheado, ordenou ele.

O peru foi colocado no quintal, e meninada "deu fé dele", dai começaram a brincar com o condenado. Ficaram a manhã inteira brincando, o peru já tinha até nome, Bimbo!

Chegou a hora dele, dona Maria saiu de pau e faca na mão, quando procurou...cadê o peru!!! ele havia sumido. Procurou pelas crianças, Zeca, Tico e Lia e eles também não estavam.

Maria chamou Juliano e ambos saíram a procura do grupo e do peru. Rodaram a vizinhança inteira, até que o dedo-duro do Chico cabuetou:

_ Eles estão lá perto do riacho, na casa do Léu, no quintal da casa dele e, estão com o peru.

Seu Juliano saiu na frente e dona Maria atrás pedindo calma. A turma e o peru foram surpreendidos, foi aquele desespero, Lia se agarrou com o peru aos prantos:

_ Não mate nosso amigo papai, por favor!

Zeca e Tico se agarraram com Maria pedindo, implorando até:

_ Mamãe, por favor diz ao papai que não mate o Bimbo, ele é nosso melhor amigo.

Mesmo com todo protesto Juliano levou o peru e, Maria às crianças. Foi o caminho mais longo da vida de Juliano e Maria, de vez em quando um pula para tentar agarrar o Bimbo, ou melhor, o peru, enquanto os outros choravam.

_ Quem já se viu, é só um peru! dizia Juliano:

_ É não, ele é Bimbo, nosso melhor e único amigo! diziam em coro.

Juliano resolveu levar o peru para ser preparado em outro local e disse:

_ Maria prepara o resto das coisas que eu cuido do peru.

Bateu um tédio, uma dor e um silêncio inigualável nos meninos, Maria e Juliano sentiram aquela dor diretamente, como um punhal no peito, ela olhou para ele, que saiu em seguida. Juliano só voltou perto da ceia, ao chegar encontrou o natal mais triste de sua vida, as crianças humilhadas e tristes pela derrota e, uma mesa farta, esperando o prato principal, o Bimbo, ou melhor, o peru!

O pai trouxe a mistura nas mãos, era um belo peru recreado, sob os olhos molhados e vermelhos das crianças. Colocou-o na mesa e, em seguida surgiu o primeiro sinal oral de protesto:

_ Nós não vamos comer! disseram todos.

_ Saiam já da mesa. Disse Juliano:

_ Vão lá para fora. Completou Juliano, numa cena que só Maria parece ter compreendido.

Prontamente levantaram e foram para fora da casa, ao abri a porta ouviram um som bem conhecido:

_ a glu glu glu...a glu glu glu

Era Bimbo, o peru. Eles começaram a se agarrar e agarrar o amigo, era uma alegria imensa, sem freio, com certeza o Papai Noel poderia economizar três presentes de Natal naquela noite.

Maria abraçou Juliano aprovando o ato. Ele comentou:

_ Nossa ceia virou membro da família, que já viu isso?!

_ E aquele peru que você trouxe? perguntou Maria:

_ Ah! tive o cuidado para que ele fosse julgado, condenado e executado a revelia, sem advogados kkkkkkkkk!

Texto de José Rogério Brito Ribeiro, escrito em 24 de dezembro de 2001