Diário de Sonhos - #063: Fubanga, maloca, bocada
Sonhei que havia uma masmorra onde eu e mais algumas pessoas deveríamos entrar. Eu era o excluído do grupo. Enquanto eles conversavam sobre como dividir o ouro, eu estava impaciente para entrar na masmorra e sair de perto deles. Entro só.
Lá dentro há aranhas gigantes, esqueletos vivos e outras monstruosidades. Ao que parece, eu devo ser o Wolverine, pois tenho garras que saem das minhas mãos. Corro selvagemente, destruindo tudo e todos no meu caminho. Finalmente chego à última etapa: um corredor estreito cheio de fios esticados. Experimento tocar em um. O pesado teto cai e depois se levanta de novo. É uma armadilha! O grupo finalmente me alcança e critica por eu ter seguido na frente. Pergunto se algum deles tem uma tesoura, pois minhas garras não cortam os fios. Marina tira uma tesoura da bolsa e corta cuidadosamente os fios, de forma que não acione a armadilha. Passamos pelo corredor em segurança. Mais à frente a masmorra é a céu aberto. O corredor se torna uma grande e estreita ponte de pedra que fica a poucos centímetros acima do imenso oceano. A caminho se divide em dois, em forma de círculo, e poucos metros depois se reúnem. Do lado direito tem uma espécie de botão. Alguns companheiros pisam nele. Uma gigantesca cidade submerge à nossa frente. Não penso duas vezes e me adianto. Após os portões da cidade, a rua vai descendo como uma ladeira. Há uma bifurcação e tomo o caminho da direta. Entro no que parece ser a cozinha de uma casa bem simples. Há um fogão, panelas penduradas, uma mesa e um armário. No fundo tem um quartinho meio escuro. Tem uma criança sentada e chorando. Me aproximo devagar. Uma enorme figura negra aparece na frente do menino e começa a bater nele. A criança chora. A figura se vira para mim e eu entendo que aquilo é a mãe dele. Um ser totalmente negro, medindo mais de dois metros de altura, coberto por um manto dos pés à cabeça. Seu pescoço é longo, como o de uma girafa e seus olhos vermelho rubi acesos. Saio correndo e dou de cara com a Marina. Pergunto se ela viu o que eu vi. Ela diz que não viu nada, porque tem muita fumaça. Olha de volta pra cozinha e só tem fumaça.
A descida agora parece uma ladeira de favela. Tem um monte de moleques empinando pipa e alguns fuscas velhos passando. Do lado direito tem uma imensa escadaria que leva pra algum lugar. Subo. Lá em cima tem uma espécie de quadra de futebol, mas ela é muito estreita e pequena, e também é "protegida" por arame enfarpado por todos os lados. Há sangue no chão. Lá de cima vejo uns caras esquisitos me olhando. Acho melhor descer e dar o fora. Quando estou no último lance da escada, vejo os caras subindo. Saio correndo de volta para a quadra. Os caras estão chegando. Não vejo outra saída se não pular. Subo no arame enfarpado e me jogo no ar. É uma queda de no mínimo quinze metros, mas surpreendentemente caio no chão como uma pluma, se nenhum arranhão. Subo a ladeira correndo. Quero sair logo daquela favela.
Dois de janeiro de dois mil e quatorze.