MEUS AMORES DA TELEVISÃO

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Há muito se diz que religião é o ópio do povo. Fica parecendo, se é que isso é verdade, que religião é o único ópio do povo. E não é bem assim. Esse narcótico, em sentido figurado, também por outros meios levaria ao entorpecimento. Como fez Nero, por exemplo, servindo ao povo o ópio do circo. Há, inclusive hoje em dia, governos populistas que se atêm ao pão como elixir da suprema felicidade. Daí o binômio pão e circo, mais uma expressão lapidar, que vem de Roma, desde o primeiro século, num fragmento extraído de uma sátira de Juvenal. Ou assim: pão e festas mantêm o povo acomodado: “Pane e feste tengono il popolo quieto”, frase de Lourenço de Médici, no século XV.

Outro tipo de ópio, desde a segunda metade do século passado, é a televisão, seja nos seus programas de entretenimento seja nos intervalos ditos comerciais. Comerciais e políticos também. E, sob o eufemismo de horário político ou de informe publicitário, pagamos para ver e nos entorpecer.

Roberto e Erasmo Carlos, com muita propriedade, referem-se aos “meus amores da televisão”. Verdadeiras fantasias do coração, sobretudo através das novelas. A mente sai da dura realidade para a pura alienação. Em cada meia hora se curte, em sonhos e em cores, uma vida diferente, quase sempre com muito luxo e mordomia. Com mordomo vestido a rigor. E muitos serviçais. Gente bonita preenche o imaginário de inúmeras pessoas. Beijos comerciais ficam parecendo beijos de verdade. A moral se torna amoral, para não dizer imoral. Praticamente pode tudo, na tela. Ilusões, diferentes emoções todos os dias. E de digestão fácil. Estrelas e astros têm, cada uma, cada um, seu lugar reservado e uma legião de fãs. Comentários e declarações de amor, de amor impossível, diga-se, ocupam espaço nas redes sociais. Corações apaixonados... virtualmente.

Novela é assunto de comentários e torcidas por todo canto. Suspense toda noite. Como n’As Mil e Uma Noites. Hoje tem?!...

Antônio Oliveira MG
Enviado por Antônio Oliveira MG em 02/01/2014
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