O diálogo
 
Estava numa Cafeteria no centro da cidade, lendo um livro e apreciando o agradável ambiente. Vez por outra, olhava para as trufas na vitrine, mas resistia aos clamores dos meus olhos. Não pretendia furar minha dieta. No entanto, dois jovens que se sentaram ao meu lado, começaram uma conversa sobre a democracia, que me aguçou a curiosidade e me arrebatou. Então, pedi à atendente que me trouxesse mais um café e uma trufa de brigadeiro. 
Imagino que devam ser estudantes de direito, pela forma e o conteúdo que expressavam. Discutiam sobre o regime político brasileiro. Vou dar-lhes os nomes fictícios de Carolina e Jairo, porque foram os nomes que me ocorreram primeiro, para descrever a discussão. E, quiçá, você, leitor, entenda porque decidi permanecer no Café e esquecer-me da dieta. Resumidamente, o diálogo foi assim:
Carolina: Para entender a democracia brasileira, temos que analisar os termos do Artigo 1º da constituição de 1988, “lembra?”: "Todo poder emana do povo, que exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente.”
Jairo: Sim, cada palavra reflete a ideia do constituinte. Se buscarmos o significado de cada uma delas, poderemos decifrar o tema do nosso trabalho. Por exemplo: “povo”, o que significa na constituição?
Carolina: Acho que comunidade, e tem implícita a ideia de fraternidade e solidariedade, o bem comum.
Jairo: sim, de acordo com Aristóteles. Mas, tem um problema, “como um poder pode emanar do povo, se o cidadão não sabe disso?” 
Carolina: verdade, pois o cidadão vota e não sabe que está dando uma procuração para o político lhe representar no legislativo, elaborar leis em seu nome. E, pior, são normas que deverá respeitar, porque foram feitas por ele mesmo, através do voto.
Jairo: Isto mesmo, quando o cidadão vota, entrega uma procuração para ser representado no parlamento. E, se o povo não sabe disso, muito menos, tem consciência sobre como exercer o poder diretamente.
Carolina: (risos), o constituinte deu ao povo o poder, mas ninguém se preocupou em desenvolver a consciência política dos indivíduos.  Imagina, se a sociedade brasileira exercesse diretamente o poder: opinassem sobre as leis que tramitam no congresso exercendo o direito ao plebiscito; se fosse solicitada para o referendo de leis mais polêmicas; revogasse o mandato de político que não estava cumprindo sua procuração de acordo com os princípios democráticos; e finalmente vetasse leis injustas que foram aprovadas.
Jairo: (sério), você acabou de fechar o nosso trabalho! Mas, precisamos alertar o risco que corre deste artigo ser revogado, porque nossa constituição é de 1988, e o povo ainda não despertou!
Em síntese, foi esta conversa que me prendeu no café, e me fez degustar a deliciosa trufa de brigadeiro, espero que você, leitor, me apoie!
Maria Amélia Thomaz
Enviado por Maria Amélia Thomaz em 31/12/2013
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