O PREÇO DO PRAZER

Do tabagismo já me livrei desde o ano de 97, no século passado... Do açúcar refinado (ou não) também, há mais de 14 anos. Do álcool só resta o vinho carmenère ou cabernet sauvignon para a celebração dos peixes da Poesia e dos fraternos amigos pascais que bebericam e somatizam a palavra, especialmente nos rigores do inverno gaúcho... Levo livre a primavera e o verão... Bem, pra dizer a verdade, estou comendo raramente carnes vermelhas; galinha e peixes são os meus preferidos, e ainda não adquiri o hábito de tomar leite de alpiste, porque continuo bem maior do que um passarinho, mesmo que continue capaz de voar no mistério da palavra... E, como estou quase septuagenário, as opções disponíveis são restritas ao imaginário voo. E moro em Pasárgada, no Litoral Sul de Santa Catarina, arredores da foz do Rio Mampituba, que deságua no Atlântico... Sinceramente, a minha esperança é a de que, com o desenrolar do novelo dos dias, os meus membros não virem barbatanas, porque será difícil me defender dos esfomeados tubarões e daqueles espécimes marinhos que gostam especialmente de procriar com os cachalotes...

– Do livro O CAPITAL DA PALAVRA, 2103.

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