Minuto do TCU

A idéia me ocorreu enquanto caminhava pela Santos Andrade. Ainda era cedo e eu decidi mandar a ela uma mensagem de bom dia. Não demorou dois minutos até que ela me respondesse. Teve certeza que era uma mensagem minha assim que ouviu o barulhinho no celular. E disse duas ou três frases tão suaves que eu lamentei muito ter que trabalhar e não poder estar ao lado dela na capital do país.

Por coincidência, exatamente naquele dia eu precisava ligar para Brasília a fim de entrevistar um deputado. Eu não estava com muita cabeça para isso mas fiz tudo direitinho: falei com a assessora e aguardei que ela retornasse me autorizando a falar diretamente com o homem. Por um momento tive o receio de que a minha ligação pudesse atrapalhar alguma coisa que o deputado estivesse fazendo, mas a verdade é que eles nunca deixam de interromper o trabalho diante de um telefonema. Falei então com o deputado, mas o meu pensamento estava em outro canto daquela cidade. Mais precisamente no TCU, que era onde ela trabalhava. Um dia foi ela quem fez o “Minuto do TCU” na Voz do Brasil. E eu liguei o rádio especialmente para ouvi-la. Mas agora tudo o que eu ouvia era a voz desagradável de um deputado.

E não acabou depois que desliguei, porque aí eu comecei a ouvir a gravação da nossa conversa. Foi quando percebi que bem na parte mais importante a ligação havia falhado. Precisei ligar de novo para o deputado e pedir pra repetir. Dessa vez prestei mais atenção e consegui terminar a matéria. Aliviado, eu voltava para casa quando vi no celular uma ligação perdida com o DDD de Brasília. Provavelmente era o deputado, que havia se lembrado de alguma coisa importante que precisava ser dita. Ou talvez havia se arrependido de alguma declaração em especial e queria me pedir para não publicá-la. De toda forma, um aborrecimento certo, agora que a matéria estava pronta. Já preocupado, retornei a ligação. Mas tive que sorrir: o número não vinha da Câmara dos Deputados. Era do TCU.