UMA HOMENAGEM
José Osmildo Ponte – Centenário
Dezembro, último mês do ano. Tempo de festa e alegria para esperar Jesus. Ele nasceu no dia 24 de dezembro e as casas, as ruas, as lojas se enfeitam para comemorar esta tão importante data – o Natal. Nessa época é tempo também de fazermos um balanço. Tempo de verificar as nossas atitudes boas e más e encontrar um saldo positivo ou negativo. Se negativo ainda é possível fazer os devidos acertos. Vale a pena começar um novo ano leve, sem inimigos, sem mágoas e rancores.
Também nesse mês, exatamente no dia 24 de dezembro de 1913, nasceu na cidade de Sobral (CE), José Osmildo Ponte, parnaibano de coração, radicado na Princesa do Igaraçu, desde 1943, contribuindo para a sociedade parnaibana como comerciante na área de tecido, servindo desde aos mais humildes que compravam a chita, até a alta sociedade que dava preferência ao bom linho e a cambraia.
Aqui fez sua história. Encontrou sua companheira Maria José Araújo Ponte, paraense de nascimento, filha de pais cearenses. Tiveram quatro filhos: Maria Excelsa Ponte Machado (graduada em administração, funcionária aposentada do Banco do Brasil), Cândido Feliciano da Ponte Neto (Sociólogo, Pós – Graduado em Administração, Administrador do Palácio Arquidiocesano do Rio de Janeiro e Professor da PUC- RJ), Maria Lúcia Ponte Ximenes ( graduada em Artes Industriais, artista plástica, funcionária pública federal aposentada), Maria Dilma Ponte de Brito ( pós graduada em Administração, graduada em Direito, Mestra em Educação, funcionária aposentada do Banco do Brasil, Professora da UFPI).
Fez em Parnaíba boas relações de amizade e conquistou seu espaço na sociedade. Era sócio do Cassino 24 de Janeiro, participando das tradicionais festas que aconteciam naquele refinado clube. Sua biografia consta do livro “Personalidades Parnaibana”, de autoria da imortal Aldenora Mendes.
José Osmildo Ponte era um homem simples, ético, que muito valorizava a educação. Sua preocupação sempre foi deixar uma boa herança cultural para seus filhos. Era amante de uma boa leitura e gostava de poesias. Tenho ainda hoje guardado comigo alguns dos livros que lhe pertenciam, como: Gato Preto em Campo de Neve (Érico Veríssimo), Dom Casmurro (Machado de Assis), Ironia e Piedade (Olavo Bilac). Assinava a Revista editada pelos Diários Associados - “O Cruzeiro” e lembro de seu entusiasmo ao ler as crônicas de Raquel de Queiroz que ficavam sempre na última página dessa renomada revista. Estava sempre bem informado das notícias do Brasil e do mundo através de noticiários e da “A Voz do Brasil”. Também era amante de uma boa música. Admirava Luiz Gonzaga e sua música preferida era “Asa Branca”.
Seus filhos foram educados nos melhores colégios da cidade: Colégio Nossa Senhora das Graças e Ginásio São Luiz Gonzaga e repassam para seus netos os princípios que ele sempre pautou sua vida: a responsabilidade, a honestidade e a pontualidade. A educação sempre esteve primeiro lugar.
Infelizmente deixou o nosso convívio precocemente. Quase véspera de se tornar sexagenário. Faleceu na manhã do dia 15 de dezembro de 1973, vítima de um enfarto fulminante. Deixou muitas saudades, muitas lições de vida, muitos amigos chorando a sua ausência. E em homenagem aos seus 100 anos de nascimento, concluo esta crônica com uma poesia de autoria de Padre Antônio Tomás que ele gostava muito de recitar.
. CONTRASTE
Quando partimos, no vigor dos anos,
Da vida pela estrada florescente,
As esperanças vão conosco à frente,
E vão ficando atrás os desenganos.
Rindo e cantando, céleres e ufanos,
Vamos marchando, descuidosamente...
Eis que chega a velhice de repente,
Desfazendo as ilusões, matando enganos.
Então, nos enxergamos claramente
Quanto a existência é rápida e fugaz,
E vemos que sucede exatamente
O contrario dos tempos de rapaz:
— Os desenganos vão conosco a frente,
E as esperanças vão ficando atrás!