BONS ARES

Alguns dias atrás, o banheiro aqui de casa começou a apresentar um cheiro muito esquisito. Mau cheiro, para dizer a verdade. Estranhei, porque além de ser lavado e esfregado com frequência, é local bem ventilado. Tem vitrôs largos, sua porta que permanece aberta só é fechada quando em uso por alguém. Contudo, redobrados os cuidados com a limpeza, o cheiro desagradável continuava, nem mesmo trocando o cestinho de lixo de meia em meia hora. Aliás, em poucos dias o próprio cestinho foi inúmeras vezes lavado, desinfetado e exposto ao sol. De nada adiantou. Cheguei a pensar que podia haver um ratão morto dentro do esgoto... e para verificar, seria uma operação bem complicada. Por sorte não foi preciso chamar nenhum encanador, eu mesma descobri o motivo quando distraidamente lá entrei para assoar o nariz. Não, o cheiro não era do rato. Fiquei pasma. Ao aproximar o papel higiênico das narinas, quase fiquei tonta. Era ele mesmo, o papel higiênico, que exalava aquele horror. Custei a acreditar, pois alguns até vem com um discreto perfuminho. Só que aquele fugia da regra. Espero que tenha sido apenas um lote que saiu com defeito, de uma marca que não costumo comprar. Para tirar as dúvidas, aposentei imediatamente o pacotão que eu havia trazido do supermercado e fui atrás daquele que compramos habitualmente. Como num passe de mágica, tudo voltou ao normal. No banheiro, só perfume de sabonete.