CRÔNICA – A penúltima delas – 27.12.2013
 
 
CRÔNICA – A penúltima delas – 27.12.2013

 
 
Pode ser bem provável que eu esteja me despedindo dos colegas e amigos do Recanto das Letras, pois a minha saúde tem estado claudicante, com hospitalizações sucessivas, que aos poucos vão minando as minhas parcas condições de escrever, de compor alguma coisa interessante. Ontem ocorreu mais uma internação, e eu estou torcendo para que suporte a virada do ano que está por findar-se.
 
            Mas eu não poderia ficar calado ante um assunto que vi na televisão, a propósito do mundo cão em que nós estamos vivendo, e se refere àquelas discussões intermináveis sobre amar ou não amar, fidelidade, convivência, lealdade até mesmo depois da morte. Sobre ser fiel, quando do casamento os nubentes sempre prometem que o serão até que a morte os separe, e todo mundo sabe disso. Nos casamentos de hoje em dia, quero dizer nos arranjos e uniões consensuais sem a presença da igreja /ou do juiz de direito, não existe esse juramento, até porque desnecessário, eis que se pressupõe ser assunto previamente discutido entre os amantes... Ou não, basta juntar os trapinhos e ir morar juntos, hipóteses em que a separação é sempre mais fácil e corriqueira.
 
            Também, a meu pensar, do que adianta jurar e não cumprir?! Acho que a fidelidade deveria presidir o comportamento dos casais, todavia o que se vê constantemente e em larga escala são as separações, geralmente por “falta de compatibilidade de gênios”, ou mesmo “por falta de condições financeiras para suportar os gastos com os encargos assumidos”, etc., etc., etc. Só nunca vi separações por conta dos sogros, ele e ela.
 
            Meu pai sempre dizia, lembrando um sábio adágio popular, que “quem não pode com o pote não carrega a rodilha”, e assim seu casamento durou mais de quarenta anos; somente a morte o fez se desligar fisicamente da minha querida mãe, uma velhinha que ainda hoje adoro, mas que está no céu, claro que juntamente com ele e com Ele. Mas se ambos fossem vivos eu iria visitá-los todos os dias para beijar os seus pés, eis que foram capazes de me criar, sem condições financeiras, mas de lá de cima eles sabem que seu sacrifício valeu a pena.
 
            Fecho parênteses para dizer o que estava na minha mente. Não é que uma senhora muito linda, uma coroa enxuta vamos dizer assim na linguagem popular, casada com um grande astro da TV, do cinema, da literatura, das lides esportivas, que falecera recentemente, sendo entrevistada num programa de boa audiência disse alto e bom som que após perder o marido não demorou quinze dias e já estava morando com outro cidadão, numa boa, muito feliz, assim como quem diz: “A vida só acaba para quem falece”!
 
            Com a minha educação caseira achei que isso era um absurdo. Não que a ela não fosse dado o direito e até se reconhecesse a necessidade de ter outro homem, entretanto num prazo relativamente maior, até por que pode parecer, a priori, que esse amor já vinha de antes, se é que a isso podemos creditar tal sentimento tão lindo que Deus implantou nos nossos corações, até porque os familiares do falecido merecem mais respeito e consideração; além disso, claro, existe aquilo que chamam de amor próprio, de postura correta ante a sociedade, os amigos. Esse cidadão, que certamente está no céu, deve ter morrido outra vez, mas de vergonha...
 
            Estou tocando no assunto com o intuito de tentar fazer as pessoas refletirem mais e mais, porquanto o caso é bastante sério. E eu me pergunto: O que é que eu tenho a ver com a vida dos outros? Também há um ditado que fala: "Casado são os que bem vivem".
 
 
Meu abraço.
 
Ansilgus
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 27/12/2013
Reeditado em 27/12/2013
Código do texto: T4627457
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