O TEMPO QUE NÃO EXISTE ESTÁ FICANDO CURTO DEMAIS!

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Criança, na comunidade do Varre-Vento, no município de Itacoatiara, via o tempo passar, mas não sabia por que tempo teria que passar só um ano chegar ou em qual momento aconteceria o envelhecimento do tempo; se tudo deixaria de existir e tudo começaria novamente com mais bombas, tragédias pelas secas e pelas cheias que são constantes e históricas, novas formas de desvios de dinheiro público e mais impostos para assegurar a roda do poder que guiam os caminhos do Brasil pelo clientelismo, bolsas, conchavos políticos e os apadrinhamentos por cargos, enfim.

Aos nove anos, em Manaus, morando na casa de meus padrinhos Januário Calado/Natércia, no Morro da Liberdade, continuava a ver o tempo passando mais rápido e imaginava que seriam só duas pessoas, um velinho se apoiando em sua bengala, carregando tragédias de um tempo que não entendia às costas saindo para morrer no horizonte e outro, ainda garotinho e de fraudas, entrando para envelhecer no lugar do que saíra. No caminho, os dois não se encontravam e nem se falavam, parecendo nutrir imensa raiva um pelo outro. Assim imaginava que fosse a troca do ano velho pelo ano novo como a troca de guarda em um quartel!

Depois, como jornaleiro, vi em “A CRITICA”, uma charge de João Miranda, um dos mais perfeitos e completos chargistas de Manaus reproduzindo e reforçando a ideia que existia dentro de mim, da troca de guarda em um quartel, com um velho se indo com sua bengala e um garoto novo vindo substituí-lo. Mas, como? Será que minha ideia havia sido copiada pelo Miranda? Não, apenas ele pensava como eu! Nada mais natural porque muitas crianças, sem muitas tecnologias na década de 70, também pensavam como eu!

Anos depois, como jornalista, novamente voltei a ver no jornal A CRÍTICA, a mesma charge de Miranda, reforçando minha fixação: eram só duas pessoas mesmo! Uma velha, com um saco às costas cheio de problemas do ano que estava se encerrando, transportando tudo, se apoiando em uma bengala e um outro, garoto de fraudas, pronto para substituir o ANO VELHO PELO ANO NOVO! Estava concluída a ideia que tinha da troca de ano! Mais tarde, na Faculdade, passei a entender que o tempo não existia e que teria sido criado para poder contar a história das besteiras e sandices que o homem produz durante um determinado tempo, em nome da fé, religião, extremismo, ganância e falta de amor no coração. Depois dos 50 anos às costas, já descendo a escada da vida rumo à morte, passei a entender que o tempo começou a passar cada vez mais rápido e que as 24 horas de um dia se tornaram poucas para se fazer tudo o que desejamos ou planejamos e que nem os 365 dias e 6 horas de um ano não bissexto, serão suficientes para tudo o que o homem pretende fazer,

Hoje, concluo que o ser humano deixou de ter lugar para DEUS, para os amigos, para cumprimentar e desejar felicidades a alguém, agradecer pelas boas coisas que lhe aconteceram durante a vida e as ruins para serem registradas, enfim...O tempo se tornou curto demais e passou a transformar pessoas em escravos dele, embora não exista de verdade e seja só o resultado de uma convenção aceita por todos e cobrado pelos ponteiros dos relógios que não param quando acabam a bateria ou a corda, se é que ainda existe algum relógio mecânico, como os de antigamente! O ser humano esqueceu que as coisas básicas para se ter uma vida quase perfeita são: HUMILDADE, AMOR, TOLERÂNCIA, COMPREENSÃO, PERDÃO, PACIÊNCIA, PERFUME DE ROSAS PELO CAMINHO, NATUREZA PRESERVADA E DEUS NO CENTRO DE TUDO.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 26/12/2013
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