ROBERTO CARLOS, fazer o quê?
Por Carlos Sena.
Por Carlos Sena.
Quarenta anos depois Roberto Carlos, de novo, no natal. Quarenta anos depois, a gente, de novo com Roberto Carlos no natal. Quarenta anos depois, tudo parece quarenta anos antes. Porque quarenta anos antes de Roberto haviam cantantes dos amores findos, iniciados, controvertidos. Amores assim: amores. Amores que não tinham moda. Amores cujas receitas eram as da paixão, da entrega. Também da separação e da tristeza por conta de sua perda. Amores de ontem ou amores de antes. Amores de hoje ou amores de quarenta anos juntos. Há quem prefira ignorar os quarenta anos de hoje por absoluta falta de quarenta anos de ontem. Mas, tudo são detalhes que não são pequenos entre os dois tempos de antes e depois de Roberto. Emoções, afinal. Emoções que se renovam em cada amanhecer, em cada por de sol, em cada anoitecer. Emoções que não se escrevem como as cartas de amor “ridículas”. Emoções sentidas por caminhoneiros, por pessoas míopes que precisam de óculos, por mulheres pequenas, pessoas que tem fé em Deus, por mulheres maduras que também já passaram dos quarenta... Porque nesse tempo, “saber viver” tem sido uma bandeira que todos temos que aprender no amor que em nossa volta se constrói ou que se dissemina. “Como vai você”, podereis me perguntar no rumo dessa prosa. Ora, sem blague vos direi que eu vou a mil na vida apesar das “curvas das estradas de Santos”; apesar de não ser bem “o cara” que podem querer que eu seja mas vou a mil. Ver Titia Amélia, ou, com saudades de Lady Laura, permanecer curtindo as “jovens tardes de domingos” – quantas alegrias!
Quarenta anos depois os natais podem ter mudado. Mas, e o Rei? E eu? Mudamos, com certeza. Talvez como vinho ou como a cana. O vinho porque quanto mais velho melhor, a cana que, quanto mais moída, trucidada, só sabe dar doçura... Porque quarenta anos depois Roberto continua fiel a si e aos seus admiradores. Porque ele sabe que “Além do Horizonte” estamos nós que acreditamos no amor, que nos misturamos com esses sentimentos rotulados de modernos, mas não nos deixamos intimidar por eles. Porque o amor que Roberto canta é aquele que todos almejamos com certa dose de romantismo... Um amor onde há espaço para as estrelas, para o sonho, para a lágrima que jorra “quando o amor se vai”... Amor que curte um “café para dois” na cama... Amor que contextualiza “Jesus Cristo”, As Baleias, A Montanha, o “cachorro que nos sorri latindo”... Enfim, a vida além do que se vê, “além do horizonte”, porque amanhã de manhã eu posso não ter com quem dividir um café da manhã, mas, certamente isso vai ser um “detalhe tão pequeno de nós três”: eu, Roberto e o meu amor que chega cedinho para tomar o café da manhã, cheio de manha...