Então é Natal...
Em uma noite de Natal, mil pensamentos ocupavam a minha mente. Eu estava cansada de ver pessoas desejando felicidade, outras exibindo suas fotos ao lado de árvores enfeitadas com presentes e luzes ornamentais, e todos repletos de hipocrisia, ostentando uma falsa paz e uma beleza que duraria só um dia. A certeza que eu tinha de que tudo isso seria desfeito na próxima manhã se devia a observação da repetição dos hábitos anualmente encenados. Há muita comida na mesa da classe média, há muitos sorrisos fabricados, há vestidos escolhidos especialmente para aquela ocasião, mas falta o que deveria ser mais importante: a reflexão. Aquele que não pensa sobre os seus atos estará eternamente condenado a repetir os mesmos erros.
Enquanto isso, alguns criticavam a tradição cristã, alegando que essa data fora forjada, que Jesus não havida nascido em dezembro e que o Natal não passava de uma estratégia de marketing das grandes empresas para venderem cada vez mais, a exemplo da Coca-Cola. Isso me soava tão óbvio que chegava a ser irritante. Talvez o intuito dos que argumentavam assim fosse alertar os poucos esclarecidos. Mas do mesmo modo que a tradicional ceia, a troca de presentes, a conversa fiada das tias perguntando pelos namoradinhos, o papai Noel do shopping e a Sidra Cereser não faziam sentido algum, a ladainha anti-natalina também se tornava incomoda. Bom mesmo seria se algo novo acontecesse, se todos parassem de comer o Cherster e o salpicão e olhassem para o seu irmão ao lado e dessem um abraço apertado, no qual pudesse conter todo o real significado dessa data tão conturbada. Nesse abraço estaria contido o afeto, o reconhecimento, a gratidão, o bem querer, a paz, a torcida por mais saúde e felicidade. O verdadeiro sentido da religião, que quer dizer “religar” é esse, a união. Mas com o passar dos anos, décadas, séculos e milênios essa simbologia se perdeu e hoje é representada apenas por um símbolo corroído pelo tempo e, infelizmente, poucos crentes ou descrentes querem aproveitar o lado bom dessa grande falta de sentido que se tornou o Natal.