Um susto com o bebê? Dá pra esperar meu time vencer?

Nem sei se o que vou lhes contar é tão interessante, mas é algo com que qualquer mulher na condição de mãe é capaz de se indignar. Um caso que elucida que mãe é mãe desde o primeiro instante que sabe da nova vida que está por vir, e pai... bem, sabe-se lá quando realmente cai a ficha deles.

Como mãe solteira, filha única e vivendo longe dos meus pais, tive uma gravidez levemente melancólica e solitária. Foi dureza, mas desde que soube que seria mãe algo me deixou mais forte, mais humana. (De verdade, apesar de toda a explosão hormonal.)

Já o pai da minha filha é um ser muito controverso e que não pretendo criticar (ainda mais porque posso responder a um processo por isso), só quero expor uma situação para lá de inusitada, sendo que esta é a minha versão dos fatos.

Era uma tarde de domingo, dia de jogo do Corinthians (o pai da nenê é corinthiano) e acidentalmente aos 5 meses de gestação eu caí de uma escada bem escorregadia, instintivamente protegi a barriga, mas o meu traseiro, pernas e joelhos foram sofrendo as consequências da queda.

O susto.

O choro.

O medo.

Ligo ou não ligo para o pai da bebê? Vou ou não ao hospital? A preocupação com o bem estar da baby falou mais alto e liguei.

EU – Alô... aconteceu uma coisa chata... eu caí da escada, estou com dores e bem preocupada. Você pode me levar ao hospital mais próximo?

ELE – Você caiu? Caiu como? Onde?

EU – Escorreguei na escada.... você pode me levar? Estou nervosa.

ELE – Mas que escada? Tá doendo? Tá sangrando? Não dá pra esperar?

EU – Você é médico? Nem eu. Não dá pra esperar. Vai me levar ou não?

ELE- (Hunf) Tá certo, to indo.

Meia hora depois o fofo chega com cara de chuchu com jiló temperado com limão e faz uma única pergunta:

Pegou todos os seus documentos? Após resposta afirmativa, entramos no carro rumo ao hospital, eu chorava baixinho com dores e medo de algo ter acontecido ao bebê. Ele olhava para a frente, com ares de estátua que sibilava canções do Roupa Nova.

Na maternidade, fui examinada, medicada e tranquilizada ao saber que estava tudo bem com o bebê.

Ele? Fez amizade com os homens que ali estavam na sala de espera assistindo ao jogo e bem mais preocupados com um possível gol do seu time do que com as mães de seus respectivos bebês que estavam chegando ao mundo.

Revanchismo meu ao lembrar detalhadamente do acontecido? Não. Pura constatação da falta de sensibilidade masculina com um momento tão delicado da vida de uma mulher.

Thais R Lima
Enviado por Thais R Lima em 25/12/2013
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