Estação das almas
Começou a estação do ano em que as folhas das árvores começam a cair. Os galhos vão ficando nus e lisos. O céu frio e azul pode ser visto por entre o esqueleto formado pelo que antes era a copa frondosa. Parece que elas vão morrer para sempre, mas sabemos que vão voltar.
A alma se prepara também. Ao contrário das plantas, os corpos se revestem mais ainda contra a hostilidade do tempo. O conforto, ou talvez consolo, do que é civilizado, torna-se a resposta contra a natureza cruel. Ela pode contra as árvores, mas não contra nós. Somos poderosos com nossas máquinas de aquecer, com o conforto de nossas casas.
Há porém, aqueles que não tem esses recursos e padecem no frio. Há, também, aqueles que tem o frio interior. Esses não têm proteção nenhuma. Não há vestes ou cobertores para isso. Seus espíritos são como as árvores, ficam nus e gelados, castigados pela intempérie.
As árvores, quando a estação terminar, vão se encher novamente de folhas, do verde e da vida. As pessoas que têm almas frias, entretanto, não vão se recuperar. O inverno delas é permanente, nunca vai ter fim.
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