Natal, a origem de Papai Noel e outros partos

Hoje, dia 23 de dezembro, faltando dois dias para o parto, o moleque se pôs a caminho resolvido a nascer. Na barriga conjectura:

- Esperar mais pra quê? Tenho tanto por fazer!

Sentindo no ventre a revolução, a mãe, com as leis da gravidade a seu favor, rítmica e serenamente, controla a respiração incentivada pelo marido.

Segundo os astros, por conta da ansiedade do rebento, o trabalho de parto será longo mesmo, mas o nascimento só irá acontecer na segunda-feira, dia 25. No entanto, depois de receberem em código Morse mensagem da estrela-guia, garantem:

- A boa hora será divinamente iluminada!

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Aos dez anos, a Boxer mantém ainda a pelugem branca e preta acetinada. Desde a primeira cruza ela engravidou. Nas horas do parto preferia a solidão. Os cordões umbilicais, às mordiscadas, ela mesma cortava, para depois, entre prazerosa e cansada, lamber de cada parição as crias.

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Havia tempo raiara o dia, quase não ventava, nada no horizonte se via. No céu, o azul mesclado com nuvens se mostrava diferente, repleto de avezinhas. Ao observar as ondas do atlântico mar oceano contraindo-se sincronizadamente à sua frente, a sentinela, em seu posto no mastro da caravela, dobrou a atenção e, horas depois, extasiado, anunciou à tripulação o nascimento:

- Terra à vista!

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O pai, já ambientado com o gosto terreno, contentíssimo com o nascimento do filho, para festejar e contar para o mundo sobre o grandioso acontecimento, saiu vestindo uma fantasia vermelha e branca improvisada, nos moldes da mais pura alegria pré-carnavalesca brasileira:

- Feliz Natal, Ho, Ho, Ho!