Tudo novo, de novo

Acordei as quatro e trinta e dois da manhã. Levantei-me e segui em direção à cozinha. Coloquei a água para ferver, pois hoje um café requentado não me serviria de forma alguma. Segui em direção ao banheiro. Me olhei no espelho novo e percebi que meu rosto exibia traços e marcas que eu jamais havia observado. Além da barba mal feita, haviam ali cicatrizes que me faziam lembrar das batalhas que eu vivi. Tentei esboçar um sorriso pra começar bem o dia, mas não me era completamente viável uma vez que o sono ainda pesava sobre minha face. Abri a torneira nova que fazia um rangido estranho, parei minhas mãos em forma de concha e comecei a molhar o meu rosto de forma serena. Preparei tudo o que precisaria para começar a fazer a minha barba e assim a fiz. Foi quando a chaleira nova assoviou. Fui ao quarto, vesti uma bermuda nova e fui novamente para a cozinha terminar o meu tão esperado “novo café”. Sentei-me numa poltrona nova após ter me servido o café em uma xícara nova que havia comprado a poucos dias e me dediquei exclusivamente a pensar em que eu era até ali e quem eu seria a partir dali. Édith Piaf me dizia que a vida era cor de rosa, mas a essa altura, a única cor que eu via era o azul ciano do novo céu que trazia para mim um novo dia, uma nova vida. Tudo era realmente novo. Porque? Eu não sei bem, mas quis mudar. Jamais esqueci do meu passado, mas ele está guardado em um lugar secreto agora. E que me venha uma nova vida com muito amor e muita música antiga.

Daniel Calderone
Enviado por Daniel Calderone em 23/12/2013
Código do texto: T4622795
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