... a gente não sabe o que diz...
E eu escrevo torto por linhas certas. E é nessas linhas que demonstro meu estranhamento sobre quando, na maioria das fatalidades diárias de que tomo conhecimento, observo haver sempre alguém repetindo a frase DEUS SABE O QUE FAZ.
DEUS SABE O QUE FAZ, ora ora, isto chega a ser além do redundante. Que Ele sabe o que faz é indiscutível. Entretanto, esta frase não me soa coerente, quando pronunciada em casos de tragédias. Noto que o sentido da frase é alterado e o tom como é expressa sugerem a responsabilidade de Deus sobre ocorrências nefastas. E, mais, que tal assertiva seria traduzível como algo assim: DEUS QUIS QUE ASSIM O FOSSE E SE ELE O FEZ, TÁ FEITO E É BOM! Chego a vê-Lo no trono em que a sociedade O assentou, promovendo uma catástrofe após outra, assim feito um menino com jogos eletrônicos.
Será possível não perceber que o Senhor do Universo e de tudo o mais que possa haver não providencia violências e fracassos de toda espécie?
Será que muitos não percebem criar um perfil não autorizado para definir Deus? Será que eu mesma não estou fazendo isto?
Será que não usamos a nossa capacidade mental para compreender que Deus não cabe em determinados e falseados raciocínios?
DEUS SABE O QUE FAZ! Ora, que constatação inútil! Deus sabe o que faz simplesmente porque nós dizemos isto! É assim? “O que não dá pra rir, dá pra chorar”.
Imagino que a essência divina é infinita e se encontra fora do alcance de nossas proposições. Deus, ame-O ou deixe-O em paz. Mas, por favor, entenda-se que isto de dizer DEUS SABE O QUE FAZ quando pessoas morrem vitimadas por acidente ou outros são acometidos pelo câncer, não tem a menor lógica. Faz mais sentido dizer que a gente não sabe o que diz. E nem o que escreve.