A Terra e a Lua

Falar de astros que gravitam no espaço não é fácil para quem não domina a Astronomia e qualquer assunto desta natureza. Entretanto, sempre me interessei por estrelas, planetas e o movimento trazido pelo universo. Pode-se dizer que sempre estive com os olhos no céu. Um céu que sempre me intrigou, seja durante o dia e muito mais ao anoitecer. A primeira vez em que viajei de avião senti a potência da natureza em meio às turbulências de uma tempestade...e depois saboreei a maravilhosa sensação de estar em meio às nuvens, que como flocos de algodão engoliam a aeronave. Isto posto, olhar o céu e pensar sobre a vida, sobre a morte e o destino sempre combinaram com minha natureza. E nos últimos tempos, por conta da amizade com pessoas que efetivamente estudam o céu, descobri a verdade da frase de Shakespeare - "há mais coisas entre o Céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia"...Que universo fantástico se esconde e se revela por trás de cada detalhe visto pelos olhos dos Astrônomos. Fico encantada com as imagens que estes profissionais conseguem captar com os imensos e potentes telescópios. Sempre acreditei que estudar Astronomia seria algo de difícil acesso e que portanto, isto era apenas para as mentes brilhantes que trazem consigo o dom de observar e registrar minucias e sinais...Mas confesso que há possibilidades de uma pobre mortal como eu vir a entender, mesmo que superficialmente, dessa ciência.

Entretanto, à parte de qualquer conjectura, o que todo este interesse pela Astronomia tem me trazido ao olhar e à mente é a experiência de escrever. Escrever sobre as belas imagens que os astrônomos nos trazem e poetizar sobre elas. Há semanas atrás vi um vídeo que trazia uma das tantas teorias sobre as mudanças ocorridas em nosso planeta. O vídeo tratava de um momento decisivo e importante da Terra, quando do surgimento do sistema solar. A Terra era um terreno inóspito, vulcões e fogo dominavam as cercanias. As imagens, em alta definição criadas por computador, mostravam o nosso planeta completamente imerso no caos inicial, quando então surgindo à sua frente aparece a imagem da lua em completo desgoverno, girando pelo espaço. E minutos depois se choca com uma parte da Terra e daí então tudo se modifica sob a superfície do planeta. A atmosfera, o clima e o desenho do que conhecemos hoje começa a ser firmado. E a Lua, o que acontece a ela, poderão se perguntar? A Lua, fica presa na órbita gravitacional da Terra e do alto nos contempla com sua majestade e beleza.

A beleza desse vídeo, se é realidade ou apenas conjectura, eu não sei, mas desconfio de que a singularidade do nosso planeta tem uma história fascinante. E foi assim, que extrapolando a Astronomia, fiquei pensando nos encontros, nos esbarrões que temos em nossa caminhada por este planeta. E como tudo isso me evoca a sensação de que determinados encontros podem ter a magnitude de transformar a atmosfera e o ritmo do outro. Sempre acreditei que nada nos acontece por acaso, que há um significado para cada encontro ou desencontro que temos. Mais do que isso, de que um sempre deixa um pouco de si e sempre leva algo consigo.

Há encontros imprevistos, que nos pegam de sobreaviso e tem o poder de transformar uma vida. Tem, como a Lua, a capacidade de fazer com que o outro descubra em si a sua própria energia desanuviando horizontes, construindo caminhos, reabastecendo a potência dos que se julgavam cristalizados pelos dissabores da vida. E estes encontros são mágicos, não importam o quanto tenham durado, não importa se voltarão a acontecer ou não. O fato é que ao terem ocorrido deixam uma sensação de plenitude que traz em si uma fonte inesgotável de energia, que com certeza durará por toda uma existência. E foi assim, que certa amiga me confidenciou um encontro inesperado com um desconhecido, vivido nas alturas durante um voo e que a fez transformar várias dimensões da sua própria vida. Ela passou a cuidar mais de si física, psicológica e espiritualmente falando. O desconhecido a auxiliou a repensar sua vida, suas condutas e permitiu olhar para si mesma como nunca havia feito. E isto a fez desabrochar como uma rosa e hoje, diariamente ela agradece a mão do destino que permitiu que o encontro acontecesse. Se eles voltaram a estar juntos? Não. Mas com certeza, eles, como a Terra e a Lua, se observam mutuamente, presos que estão na órbita gravitacional um do outro. E, quando a noite cai, ela olha as estrelas vistas da Terra. E nas noites de Lua cheia ela se lembra da voz doce do estranho. Quando a Lua está em quarto minguante ela lembra do sorriso menino, do homem que segundo ela, veio das estrelas. Então, ela e ele -a Terra e a Lua - se encontrando e permitindo uma transformação importante e necessária nas constelações do firmamento e na história de cada um.

Ana Izabel JS
Enviado por Ana Izabel JS em 22/12/2013
Reeditado em 30/12/2013
Código do texto: T4622204
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