EU CURTO MUITO CINEMA, E VOCÊ?
Por Mathias Gonzalez
Desde criança gosto de cinema. Ia com meu pai, outro cinéfilo de carteirinha. Assistíamos filmes em três sessões, se tivessem: matineé, vespertino e soireé. Também, ele podia pois era o delegado da cidade e não pagávamos entrada. Quando ele não ia, eu estava autorizado a entrar no cinema (desde que o filme não fosse censurado para menores) e de quebra ainda levava colegas. Bons tempos aqueles, fins dos anos sessenta e anos 70. Vi de tudo, faroestes, kung fu, terror, comédias, aventuras, romances e até filmes mudos do Chaplin, o Gordo e o Magro e tantos outros, com ou sem pipoca.
A garotada ria e pulava nas cadeiras vibrando com os artistas. Quando saíamos rolavam os comentários. Recontávamos as melhores cenas e as falas mais interessantes. Contávamos para os amigos que não foram ver a fita, mas jamais contávamos o fim do filme. Isso era imperdoável.
Havia filmes que eu assistia muitas vezes, como foi o caso de Bem-Hur; Os três Invencíveis; Django volta para Matar; O bom, o mau e o feio, e muitos outros. Filmes brasileiros, só as famosas “chanchadas” que lotavam os cinemas com o público adulto eu não pude assistir antes de completar 15 anos. Minha estatura e meu bigode naquela idade me faziam parecer adulto e assim eu vi tudo que era proibido para menores de 18. Os famosos filmes eróticos só mostravam o bumbum das atrizes (entre elas, muitas famosas como Sônia Braga, Lucélia Santos e Vera Fischer. A censura feroz dos anos 70 só permitia que as atrizes mostrassem um seio nu de cada vez. Nu frontal de homens ou mulheres, nem pensar. Cenas de sexo explícito, de modo algum. Só insinuações... camas rangendo ou carros balançando e gemidos. Ou seja, nós, expectadores tínhamos que usar a nossa imaginação e sairmos felizes do cinema, contando para os amigos o que não vimos. Era assim naquela época dos anos dourados de minha adolescência. Foi assim para todos nós quarentões ou cinquentões aficionados da sétima arte.
Hoje, já não curto tanto cinema como antigamente. Depois do telão, da TV de Led de 50 polegadas, já não preciso sair de casa para ver o filme que desejo. Os downloads pela internet ou mesmo as assinaturas de TV a cabo me permitem pausar, rever, gravar as trilhas sonoras e mesmo ver detalhes de cenas de um filme que eu esteja assistindo. Tudo em “soundround” super-estéreo no melhor estilo. Claro, faltam o glamour das cortinas se abrindo, as luzes mudando de cor a cada badalada do som típico das salas de cinema dos anos 70, os gritos da plateia aplaudindo heróis ou vaiando os bandidos. Os tempos mudaram. Assim como tudo mais o cinema se modificou. Não importa, seja como for, vou continuar vendo meus filmes, sejam em technicolor, preto-e-branco, mudo ou digitalizado como são atualmente. Continuarei aplaudindo as boas atuações, os bons enredos, as boas fotografias, a boa trilha sonora e tudo mais que os bons filmes possam oferecer.
Mas, de quando em vez, bate uma saudade danada de um telão de 5,40 x 2,30 e corro para um cinema dentro de um desses Shoppings da vida, me refestelo na poltrona com um sacão de pipocas e me divirto como nos velhos tempos. Foi assim que vi pela primeira vez ET, Titanic, Rambo I, II e III, Senhor do Anéis, Avatar e tantos outros. Curto muito cinema, acompanhado ou sozinho, e você?
Mathias Gonzalez
http://www.somenteparamulheres.com.br/antigas
AQUI VÃO MINHAS DICAS DE ALGUNS FILMES QUE ASSISTI EM 2013 E QUE PROVAVELMENTE FARÃO PARTE DA LISTA DOS INDICADOS PARA O OSCAR DE 2014.
GRAVIDADE
VEJA SINOPSE DO FILME - http://www.adorocinema.com/filmes/filme-178496/
O filme "Gravidade" que deveria ser corretamente denominado "Não Gravidade" pois 90% dele ocorre no espaço onde não há qualquer gravidade, deve ser uma tortura para que sofre de claustrofobia. Nisso o roteirista caprichou. No mais, não passou para mim de uma razoável coletânea de efeitos visuais, já batidos desde "2001- Uma Odisséia no Espaço" ou outros menos populares como "Viagem a Lua", "Marte - a missão"; O filme cria um engodo dramático quando a Dra. Ryan tem um surto psicótico (sim, pois nada indica que ela sonhou com o retorno de Matt) e o vê batendo na escotilha da nave pelo lado de fora e depois sentando-se ao lado dela para dar-lhe motivação para viver. Seja como for, o filme de dois ou apenas três personagens, surpreende pela falta de sentido em muitas cenas como o fato da Dra. Ryan dentro da estação espacial chinesa ser capaz de captar um sinal de um radioamador na Terra e se comunicar com ele, mas não ser capaz de contatar a poderosa Nasa que possui milhares de canais de comunicação abertos e procurava por sinais do espaço. O roteiro também falha quando uma cápsula entra no espaço aéreo dos EUA , aparentemente nenhum radar a detecta e esta cai em um lago (ou seria no mar?)...E quanto ao processo de descompressão, não precisou? A Dra. Ryan saiu da cápsula direto para a praia como se tivesse saído de um banho de piscina. Tudo muito estranho. O velho clássico lance de dar a vida para salvar a companheira (Matt ao soltar-se de Ryan) pareceu no mínimo "piegas" pois mesmo soltando o cabo que os prendia ele poderia com a ajuda dos propulsores regressar para a Estação sem qualquer dificuldade. Mas preferiu a morte insólita e sem sentido para deixar a pobre especialista em completo desespero. Sandra Bullock é uma boa atriz cômica e não conseguiu extrair muita graça do roteiro fraco no papel que lhe deram, faltou um pouco de "gravidade" á sua interpretação dentro das roupas espaciais. Como passatempo claustrofóbico eu recomendo. O filme não ofereceu nenhuma novidade. Minha nota de 0 a 10 é 4.
CAPITÃO PHILLIPS
VEJA SINOPSE DO FILME - http://www.adorocinema.com/filmes/filme-191696/ -
Parece que os diretores e roteiristas de Hollywood este ano decidiram claustrofobizar os espectadores. Neste filme que mistura pelo menos meia dúzia de filmes de piratas modernos, sequestros e tentativas de resgates pelos famosos e indestrutíveis Marines made in U.S., não consegui entender a facilidade com que os piratas conseguem escalar um cargueiro gigantesco e com mais facilidade ainda arrombam as portas de aço (que o capitão Phillips havia trancado cuidadosamente e feito tantas recomendações à tripulação para as manter fechadas). Ingênuo demais, fora de contexto. A simulação de uma conversa feita pelo capitão através do rádio indicando a possível chegada de um helicóptero que nunca chegou, foi suficiente para afastar metade dos piratas. Embora saiba-se as tripulações de navios comerciais não podem (pelas leis internacionais) portar armas de grosso calibre, armas pessoais são autorizadas pela segurança armada que obrigatoriamente deve existir na embarcação. Embora a trama seja baseada em fatos reais, o personagem vivido pelo experiente Tom Hanks, não parece em nada com os velhos protagonistas a "la Rambo" ou outros super heróis americanos, que desferem golpes de caratê e aniquilam os inimigos. Hanks interpreta bem o bom comportado capitão Phillips preocupado em salvar a si mesmo e à sua tripulação. Sua melhor atuação porém resumiu-se nos cinco minutos finais do filme onde extravasa toda a emoção contida nas quase duas horas de figuração, já que o desconhecido ator somaliano Bakhand Abdi rouba a cena com sua feiura e uma atuação surpreendente, complexa, cheia de nuances no olhar, no gesto e na fala, este sim merecedor de um Oscar de Melhor Ator, que a Academia certamente não lhe dará. A grande novidade do filme foram os atores desconhecidos, a exemplo de grandes filmes como "Quem quer ser Milionário", "As Aventura de Pi" ou " A indomável sonhadora". O enredo no entanto, foi bem previsível, com direito a bandeira americana tremulando no convés do navio salvador, mostrando uma vez mais o poderio dos donos do mundo. Minha nota de 0 a 10 é 6.
DRIFT – Mergulhando fundo -
VEJA SINOPSE DO FILME - http://www.adorocinema.com/filmes/filme-185059/
O filme, baseado na história da expansão do surf na Austrália no anos 70, focaliza de modo realista o cenário que envolvia os jovens da época, dominados pela onda “hippie” na qual surfavam as drogas, a bebida e o sexo livre. O drama vivido pelo desconhecido ator australiano Jason Sudeikis na pele do trintão Eric que deseja sair da pobreza trabalhando duro em uma precária fábrica de pranchas de surf, colide com os desejos de seus amigos e irmão mais moço mais interessados em orgias e grana fácil. Nenhuma grande novidade até aí. O que tira o fôlego na verdade é a beleza da fotografia das fabulosas praias do Norte da Austrália com suas areias prateadas e ondas gigantescas, surfadas pelos habilidosos campeões mundiais que cederam suas imagens para compor o filme. Minha opinião é de que esse filme será indicado para a categoria de Melhor Fotografia e ganhe pelo menos uma estatueta. A trilha sonora evoca os anos 70 e cai bem orquestrando os fantásticos “drops”, “entubações” , “carvings” e “caldos” experimentados pelos personagens. O filme é bom e minha nota de 0 a 10 é 8.