Por onde anda o amor?

Por onde anda o amor?

Por onde anda o amor que eu tanto espero, que anseio e desejo? Às vezes, penso que está em minha frente, que se eu esticar o braço, posso até tocá-lo; acho que passa por mim, me acena e vai embora. Às vezes, sonho que pode estar no primeiro sorriso que me oferecem, mas também penso que pode estar muito longe, onde não posso ouvir os soluços do seu coração. Não sei se anda pelos bares, se já brindou comigo, se vive pedindo pelas ruas, como pede tanto o meu coração.

Por onde anda o amor?

Penso que pode estar trabalhando e sem tempo para amar, que vive nas igrejas e já ofereceu seu amor a Deus; ou vive nas esquinas e vendeu seu amor para tantos; ou passa tímida e nem levanta o rosto com medo de se entregar.

Por onde anda o amor?

Será que brinca de se esconder comigo, ou já se ofereceu e eu não entendi? Será que de tanto se enganar, resolveu desistir e não pensa mais em dividir? Será que se foi antes de mim e deixou órfão meu coração, ou se engana fingindo estar amando para tornar a espera mais fácil?

Acho que de tanto se entregar resolveu só receber e, assim, vive esperando sem dar chance para se ofertar. Penso que pode sofrer de insônia e, desse jeito, já não consegue sonhar. Talvez, passeie por outros lugares e, sem saber, nos perdemos nos desencontros da vida. Pode até ter viajado e esqueceu de voltar para se encontrar em meu coração. De repente vive do meu lado, mas se defende como quem quer viver, sempre, se resguardando. Pode até está cantando pela vida, mas o barulho do mundo não me deixa ouvir. Posso até ter lhe conhecido, mas a pressa não nos deixou ter olhado nos olhos.

Por onde anda o amor?

Só sei que meu peito está escancarado, desabotoado e o meu coração de braços abertos, pulsando ansioso na espera dele chegar.

Mário Paternostro