ESTAÇÕES DE EMBRÓGLIO

Hoje descobri outra função das salas de espera, matar o esperante no cansaço. Na triagem inicial, foram consumidos aproximadamente 15 min. quando comecei a inquietar-se a gentil atendente veio e deu as orientações de como atingir a próxima, inclusive me acompanhou no primeiro encaminhamento. Lá fui eu, talvez uns 50 m. de corredor, quando tentei abrir a boca, veio a orientação tranquilizadora dizendo para sentar e aguardar que já seria chamado.

Passam 15, 30, 45 min. então fui pedir uma explicação afinal tenho horário marcado com antecedência, a resposta é lacônica, o senhor tem que esperar, então contra argumentei que estava em jejum a mais de 15 horas, novamente a resposta é para aguardar. Então rezo, pois já estava ali faziam duas horas, quando pensei em levantar a moça vem de lá e passa uma pulseira com o nome e outras coisitas, a pulseira habilita a passagem à próxima estação, lá vou eu, recebido gentilmente, a moça oferece uma cadeira ali mesmo no corredor e começou a entrevista sobre alergias, pronto fui flagrado como alérgico, outra sala de espera e vem a decisão, o exame será sem contraste, outra sala para aguardar, já iriam chamar-me.

Reza, reza, então começou o conflito interno, perquirindo o que eu tinha feito para ser castigado daquela forma, mas todos ali são castigados, os de cadeira de rodas, os velhos, os jovens, os que tomaram água e estão proibidos de urinar, para poderem realizar o exame, pronto eu mesmo me absolvi, afinal todos estão sendo castigados. O relógio se aproximou das 18 horas, então a moça pede para ser acompanhada até a sala de tomografia, lá não são mais do que dez minutos, a última orientação é para aguardar ali mesmo num cantinho do corredor, a ficha que terei de levar, a espera é rápida, de volta a sala inicial para ser liberado, mais uma espera, reclamei é a moça disse que tinha gente na minha frente, respondi que não tinha não, todos que estavam ali tinham chegado depois das 18 horas, afinal o crachá fazia a denúncia e eu estava para lá e para cá desde as 14 horas, para meu delírio, os que entraram antes das 18 horas tinham crachás diferentes.

Neste trottoir ouvi conversas, telefonemas, já etava quase intimo do pessoal, a língua solta, não a minha mas a deles, permitiu que eu soubesse, que estão recebendo mais pessoas que a capacidade de atendimento, inclusive que só havia um médico. Na saída ainda me deparei com tristes almas que ainda ficaram aguardando.

Penso que o aumento da demanda em relação a capacidade de atendimento, é solucionado criando salas de espera, uma espécie de estação de imbróglio, assim de sala em sala as pessoas vão se resignando com a espera.