Bola de Natal
Aquela bola natalina...
E o reflexo da bola, agora, são todas lembranças...
Dezembro chegou.
Dezembro chegava trazendo os cheiros de Natal. Eram vários.
Estranhamente o primeiro que se percebia era o odor do detefon. Sim este mesmo. Levava-se para o quintal caixas e mais caixas onde haviam passado o ano inteiro, como que sementes guardadas para em dezembro germinarem, peças do presépio, enfeites da árvore, festões, guirlandas. E ali na área externa a missão era exterminar baratas e traças que acharam, nestas preciosidades, ninho.
O pinheiro já havia sido cortado – a consciência ambiental ainda dormia – e fincado em vasilhame – lata ou vaso – era levado para a sala para receber os enfeites.
Armava-se o presépio.
Todas as manhãs daqueles verões a porta do ambiente era aberta – a sala de visita tornava-se, pela presença da “árvore-de-natal” e seu perfume, um lugar mágico. A resina de pinheiro recendia por todo ambiente.
A ansiedade pela espera do Natal era alimentada. Se de manhã a expectativa da abertura da porta da sala era festa de vésperas o cair da noite ali era de completa contemplação.
O olhar diário movia os reis magos até ao berçário da estrebaria. O imaginário fazia todos aqueles animais de barro emitirem seus sons próprios, supostos. Anjos cantavam.
As bolas natalinas eram admiradas e contadas. Conferiam-se seus brilhos, suas cores, suas quantidades.
A neve – ah, a neve era quente! – brancas chusmas de algodão espalhadas pelos galhos.
Vermelhas, maravilhas, azuis, prateadas, verdes – sortidas bolas em cores e tamanhos.
Mas...
Aquela bola natalina era especial: a maior de todas e estranhamente roxa. Era a que mais sortia efeito. Era inebriante.
Aquela bola natalina é sempre lembrada.
Aquela bola natalina tornou-se o depositório de toda memória de natais. Dezembro chega com toda antevisão daquela bola roxa.
E o roxo era e é a metáfora de toda transmutação que se iria sofrer – do menino ao homem.
Feliz Natal e um ano novo repleto de felicidades.
Leonardo Lisbôa,
Barbacena, 20/12/2013.