INTERNALIZEI.

Introjetei,
Pulei dentro de mim mesmo, num descuido, quando estava de boca aberta, rumo à garganta. Segurei na epiglote e lancei-me para cima, em direção à minha cabeça. Caí em cima dos cornetos nasais que me levaram à parte exterior do nariz e quase despenquei dali, por um triz, perdendo toda aquela epopeia e me segurando bravamente nos pelos até retornar ao interior da narina. Com mais um impulso para cima, já um tanto cansado, me encontrei com o estribo, osso interno do ouvido, sentindo estranha sensação de reverberação naquele salão em forma de caracol. Dali, subi ao local onde realmente queria estar, o cérebro, com suas nuances e seus mistérios. Responsável por minha visão, audição, equilíbrio, paladar e olfato, órgão que representa toda minha personalidade e meu caráter. Vi neurônios, córtex, cerebelo e toda cavidade cerebral em pleno funcionamento, dominando todo o funcionamento do meu corpo. Saltei, através de veias e cheguei à artéria Aorta, indo parar diretamente no coração, que bombeando sangue para todos os lados, responsabiliza-se por todos os nossos sentimentos mais sublimes como o amor, o carinho, a idolatria e a serenidade. Como de costume, interessei-me por outra peça elementar humana, o pulmão, que inflava e retraia-se em velocidade uniforme. Deixei-me cair pelo esôfago, até o estômago, onde fortes doses de água e alimentos misturavam-se aos sucos gástricos que me levaram pelo duodeno até o fígado e os ríns. Sentindo forte aroma amoníaco, tratei de sair rapidamente daquele espaço, caindo diretamente na base do corpo, passando por coxa e joelho, precipitei-me no meu próprio pé, onde pouco fiquei por motivos de circulação de retorno. No momento encontro-me entre meus dentes sentindo o suave tocar de outros dentes femininos em um longo e terno beijo.





Por: Jaymeofilho.
19/12/13.
Jaymeofilho
Enviado por Jaymeofilho em 19/12/2013
Reeditado em 19/12/2013
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