O BAR DO BVF

Eles sempre estiveram presentes naquele bar no centro da capital conhecida como Veneza brasileira. Aqueles dois, um balsaquiano caminhando para idade da loba e um jovem em sua última faixa etária se emancipando para idade adulta. Foi ali que ambos iniciaram o hábito de beber vinhos juntos, a bebida de Baco. O vinho não era da melhor safra, mas vinha da Argentina, com seu aroma seco semelhante à torcida de futebol da seleção Argentina.

A primeira vez que esses meninos - homens estiveram no bar foram discriminados pelos seus jeitos suburbanos (porém felizes). O proprietário, um homem de quase meia idade nem bonito e nem tão feio, simplesmente feio, achou que eles não tinham dinheiro para pagar um vinho de R$12,90 , pensavam eles que os zodíacos tomavam só o beaujolais nouveau, conhecido aqui como o Carreteiro. É lógico que eles também tomavam, e quem um dia não tomou um vinho popular na vida, só os desprovido de paladar. Naquele momento as vítimas souberam reagir com maturidade e classe de dois samaritanos, e a partir daí passaram a frequentar o bar, tomando do vinho à caipirosca exótica e saboreando o queijo com ervas indianas. Lá eles falavam de suas vidas e dos seus amores possíveis e impossíveis sendo transparentes como os espelhos que os cercavam.

Costumavam aparecer sempre durante a semana, ao final de uma jornada de trabalho, e assim ganharam a confiança do proprietário a ponto de deixarem na pendura uma cerveja que não era das mais velhas do país, mas tambem não era a mais nova, e sim uma intermediária com um nome de um certo continente, onde os piguins são a maioria.

Marcos Soares Mariá
Enviado por Marcos Soares Mariá em 30/08/2005
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