EU ACREDITO NO INCERTO DA CERTEZA

EU ACREDITO NO INCERTO DA CERTEZA

18/12/13

Já cansei de ouvir falar de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Quando ouvimos isto sempre nos vem a certeza de que o raio só cai uma vez em um lugar, mas ao pensarmos somente na afirmação podemos concluir que do que se fala é de que o mesmo raio não cai duas vezes no mesmo lugar, ou então que ele cai três, ou quatro, ou n vezes e não só duas.

Outro dia, 14/12, no texto EU ACREDITO escrevi sobre a fé que move montanhas. Esta fé é aquela que surge nos momentos de necessidade, de afirmação, naquele momento em que passamos por um descrédito em nós mesmos e precisamos provar para nós mesmos que somos capazes.

Dei o exemplo do Atlético na sua campanha pela Libertadores quando torcida, técnico e jogadores acreditavam e esta fé culminou no título de campeão. Naquela campanha tínhamos o craque de outrora desacreditado por todos, o técnico que tinha a peja de azarado, um ídolo de outrora que retornava de um lugar onde o futebol não era observado pelo mundo, um lateral que depois de ser renegado pelo próprio clube era chamado para disputar uma posição na seleção do Brasil.

Vai o Atlético disputar o mundial. O Atlético poupou jogadores no campeonato brasileiro, pois seu destino era ser campeão do mundo. Atleticanos e imprensa só vêem como adversário os alemães do Bayer. Ronaldinho não dá entrevista. Tardelli se diz o melhor atacante do Brasil. Cuca recebe proposta e é dada como certa sua saída, Marcos Rocha sobe no salto e depois de chamar Cuca de burro perde a chance de servir a seleção. O pênalti que não foi pênalti foi batido e a bola em seu curso não se encontra com o pé salvador do milagroso Vitor, mas beija as redes. Quatro minutos de uma prorrogação de uma esperança de descrentes que gritavam como as beatas ao repetirem um Pai Nosso decorado, ritmado e desprovido de sentimentos, EU A CRE DI TOO, e pela certeza do incerto sai o gol que como uma pá de cal encerra uma equipe que já não era um time.

Geraldo Cerqueira