OpÇão
Rosa Pena
E de repente ela percebeu que as pessoas passavam quase desapercebidas nos grupos em que estavam. Não que ela quisesse holofotes fortes sobre ela, apenas trocas no geral. Ela particularmente andava quieta e a falta de alegria, incomoda. Sentia necessidade de permanecer e muita vontade de partir.
Afinal, será que alguém sentiria sua ausência, ou seria como sua presença, o quase nada? Tantos se foram e tudo ficou igual. Outros chegaram, tudo é cíclico. Difícil opção.
Se pelo menos não existisse o vazio absurdo da vida real, a escolha seria mais fácil.
Mas ela aqui estava, exatamente para preencher a lacuna do dia-a-dia, onde era vista apenas como uma passante. Então, se não conseguia mudar o mundo, havia mudado de mundo. Virtual substituindo o real, tão seco, tão árido, tão egoísta. Este novo mundo tinha a vantagem de poder deletar amarguras, bloquear inconveniências. Aqui se podia até morrer estando-se vivo.
Não mentindo, apenas sumindo. Desaparecendo.
Não precisava fingir que estava doente para faltar. Sempre existia a honrosa saída de dizer que a conexão estava ruim, o provedor era o culpado, ou até mesmo a luz.
Foi se acomodando ao mundo novo, que aos poucos foi deixando de ser novo, e ficando tão gasto como a sua própria vida. Percebeu isto, quando começou a questionar-se.
Ora bolas, onde estão aqueles que em apenas uma semana aprenderam a se adorar?
Cadê os fiéis companheiros? Cadê a confiança de se conhecer sem se ver?
E veio a constatação que novamente era uma passante ou melhor apenas uma figuração de um, dois, três ou mais grupos virtuais. Cada dia entrava em outro, pois a fase inicial do bem vinda, do apreço , do carinho, é sempre reconfortador.
Droga, grande droga. Fica ou vai? Se vai, vai para onde? Volta para o real sem emoção?
Por ser educada e ética, reprime seus impulsos. Não agride. Somatiza, sofre de dor de cabeça, insônia, depressão. Bode! Esse incomoda pra dedéu. Não consegue ser a Xuxa que estica e puxa a alegria, não consegue ser permanentemente hiena.
A busca será eterna em qualquer lugar, a qualquer momento. Eterno mistério.
Nesse emocionante jogo da vida os prêmios e as penalidades, são de acordo com o valor das apostas.
Vale a pena apostar de novo mais algumas fichas? Ainda existem tantas promessas de vida em seu coração!
Não consegue excluir a poesia de seu viver. Ela acredita em Romeus e Julietas.
As uvas, antes tão apetitosas, tornaram-se verdes, mas não tão ácidas, que não valha a pena esperar que amadureçam novamente.
Então decide-se...Tentará novamente saboreá-las, porém com a certeza que apenas um lado consegue torná-las suficientemente saborosas para o paladar virtual.
Os que acreditam na velocidade de Dom Quixote, concebido por Cervantes no fundo de um cárcere.
"Ladram, Sancho, sinal que cavalgamos."
Rosa Pena
E de repente ela percebeu que as pessoas passavam quase desapercebidas nos grupos em que estavam. Não que ela quisesse holofotes fortes sobre ela, apenas trocas no geral. Ela particularmente andava quieta e a falta de alegria, incomoda. Sentia necessidade de permanecer e muita vontade de partir.
Afinal, será que alguém sentiria sua ausência, ou seria como sua presença, o quase nada? Tantos se foram e tudo ficou igual. Outros chegaram, tudo é cíclico. Difícil opção.
Se pelo menos não existisse o vazio absurdo da vida real, a escolha seria mais fácil.
Mas ela aqui estava, exatamente para preencher a lacuna do dia-a-dia, onde era vista apenas como uma passante. Então, se não conseguia mudar o mundo, havia mudado de mundo. Virtual substituindo o real, tão seco, tão árido, tão egoísta. Este novo mundo tinha a vantagem de poder deletar amarguras, bloquear inconveniências. Aqui se podia até morrer estando-se vivo.
Não mentindo, apenas sumindo. Desaparecendo.
Não precisava fingir que estava doente para faltar. Sempre existia a honrosa saída de dizer que a conexão estava ruim, o provedor era o culpado, ou até mesmo a luz.
Foi se acomodando ao mundo novo, que aos poucos foi deixando de ser novo, e ficando tão gasto como a sua própria vida. Percebeu isto, quando começou a questionar-se.
Ora bolas, onde estão aqueles que em apenas uma semana aprenderam a se adorar?
Cadê os fiéis companheiros? Cadê a confiança de se conhecer sem se ver?
E veio a constatação que novamente era uma passante ou melhor apenas uma figuração de um, dois, três ou mais grupos virtuais. Cada dia entrava em outro, pois a fase inicial do bem vinda, do apreço , do carinho, é sempre reconfortador.
Droga, grande droga. Fica ou vai? Se vai, vai para onde? Volta para o real sem emoção?
Por ser educada e ética, reprime seus impulsos. Não agride. Somatiza, sofre de dor de cabeça, insônia, depressão. Bode! Esse incomoda pra dedéu. Não consegue ser a Xuxa que estica e puxa a alegria, não consegue ser permanentemente hiena.
A busca será eterna em qualquer lugar, a qualquer momento. Eterno mistério.
Nesse emocionante jogo da vida os prêmios e as penalidades, são de acordo com o valor das apostas.
Vale a pena apostar de novo mais algumas fichas? Ainda existem tantas promessas de vida em seu coração!
Não consegue excluir a poesia de seu viver. Ela acredita em Romeus e Julietas.
As uvas, antes tão apetitosas, tornaram-se verdes, mas não tão ácidas, que não valha a pena esperar que amadureçam novamente.
Então decide-se...Tentará novamente saboreá-las, porém com a certeza que apenas um lado consegue torná-las suficientemente saborosas para o paladar virtual.
Os que acreditam na velocidade de Dom Quixote, concebido por Cervantes no fundo de um cárcere.
"Ladram, Sancho, sinal que cavalgamos."