JÁ ERA

Outro dia meu marido estava procurando seus óculos ‘de perto’, quer dizer, para leitura. Fui ajudar, mas antes perguntei se ele se lembrava da última vez que os tinha usado. Acho que foi ali, quando falei ao telefone, mas no local não estavam. Reviramos a sala, o quarto, o banheiro, a cozinha... Olhei dentro do cesto de roupa suja, quem sabe não tinham ficado no bolso de alguma camisa... Nada. Lembrei então de tê-lo visto com esses óculos quando foi pagar umas contas no banco. Isso mesmo, devem ter ficado por lá. Contentes, fomos aos achados e perdidos do tal banco. Na gaveta que o funcionário mostrou tinha de tudo, chaves, documentos, carteiras... e até uns óculos escuros, mas não eram esses. No dia seguinte recomendei que a faxineira prestasse atenção, poderia encontrar os óculos debaixo de algum móvel, embora já tivéssemos arrastado sofás, poltronas e cadeiras, na busca desenfreada. Ela então fez cara de espanto. Ai, agorinha mesmo tinha visto no quintal o mais novo dos nossos cachorros mordendo uma armação de óculos toda retorcida. E sem lentes!