AOS 24 ME DECIDI

Quando completei vinte e quatro anos, finalmente me decidi. E essa idade foi fundamental para mim, mas tem gente que se aflora bem antes dos 24. Aquele sentimento de dúvida acabou e então percebi que não levava jeito para cantar. Pesou outra coisa? Você que estava se identificando, por favor, não pare de ler, prometo continuar o texto tão interessante quanto antes, mesmo que não te toque mais profundamente.

Tem um treco chamado talento, e ele faz de você uma pessoa única e, se usá-lo corretamente, o sucesso é quase certo. Caso contrário será um abridor de lata fazendo a função de microfone. Passei boa parte de minha vida convicto de que tinha o tal talento musical. Quando falo cantar, quero dizer cantar. Alguns amigos, principalmente os que têm muito carinho por mim, certamente vão dizer: “você e seu irmão Carlos Romeira cantam tão bem de dupla”. Para quem não sabia, acredite, realmente sei fazer primeira e segunda voz. Toco violão, guitarra e instrumento de couro. Com esse último não levo muito jeito. Puxa! Você tá com a mente suja hoje, hein? Contudo não sou louco de me inscrever num desses programas musicais de que fazem sucesso na atualidade. Tenho desconfiômetro. Apesar de quase todos de minha família ter o dom para a música, posso dizer que sou apenas um cantor “mais ou menos” e, felizmente ou infelizmente, para mim esse termo quer dizer: “ruim feito água de bosta”.

Fazer qualquer coisa à base do “mais ou menos” é o mesmo que dizer que é incompetente, mas esforçado. Visto isso, posso confirmar que perdi o tesão de cantar e fui impactado por outro: o jornalismo me dá arrepios. Piro toda vez que pego nesse microfone grandão. Está bem, vou me segurar, sei que me soltei demais. Essas coisas acontecem mesmo. Quando você faz aquilo que nasceu para fazer, por mais que te critiquem, te umilhem e falem que em seu texto há erro de português porque faltou um “H” ali atrás, em breve vão ter que olhar para você é dizer: - esse careca, esse gordo, esse careca gordo, essa abestada, esse ‘carça’ cagada, essa mula e muitos adjetivos carinhosos que usam para se referir a gente, realmente nasceu para isso. O diploma vem este ano, mas sou jornalista desde que nasci.

Eder Tofanelli
Enviado por Eder Tofanelli em 16/12/2013
Código do texto: T4614249
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