Em Camaragibe, no natal, você fica em casa se quiser.
Em Camaragibe, no natal, você fica em casa se quiser.
Muitos conhecidos de diversas plagas reclamam que não tem para onde ir no Natal. Que é uma festa onde você se arruma para ficar em casa. Em Camaragibe é diferente, nós temos a festa da Gruta que era montada inicialmente em homenagem à primeira padroeira e é tradição após a ceia com a família todos migrarem para lá. Virou costume e anualmente no final de dezembro é instalado um parquinho no centro histórico da Vila da Fábrica para que as pessoas possam levar suas crianças, encontrar amigos e se divertir.
Há ainda a pedra da gruta que também nesta época é costume as pessoas irem lá, tocar nesta pedra, se benzer, fazer a agradecimentos e pedidos. No parque encontramos rodas gigantes, carrosséis, patinhos, barracas de bozós, roletas e jogo de argolas.
Há algum tempo atrás, quando funcionava o Peñarol, nesta época de festa a juventude de classe média e descolada partia para lá dançar algumas músicas internacionais em rimo de House animada por DJs. No final da festa era uma aventura atravessar a ponte do balde, com medo do fantasma do padre ou algum ladrão que vinhesse roubar o que não tínhamos.
Hoje em dia, na festa há uns bares instalados que competem entre si na venda de bebidas e petiscos, e a maioria deles reverbera um som de qualidade duvidosa, exceto no Bar da Gruta, do Márcio Papa que é um bar fixo. Estes outros que se instalam no período de festa é bestialmente interessante e repulsivo. Pois poderemos verificar todas as novidades das músicas apelativas do tecnobrega e do baixo meretrício musical. Certa vez vi uma moça dançando a Dança da Rã e cheirando loló concomitantemente. A visão pueril do inferno. Talvez ela não tivesse dezesseis anos completos. Era a celebração da revolução sexual das novinhas sob os olhos complacentes dos poderes constituídos.
Ao longo da rua vamos verificar espetinhos de carne, de frango, de queijo, de salsichão, maçãs do amor vermelhas, além de cachorro quente do tipo self-service, batatas fritas, caldinhos de feijão, peixe e outros. No entanto, não enxergamos um melhor ordenamento planejado com o propósito de atrair mais turistas para o local. De forma que se pensasse em uma maior qualidade e diversidade da oferta gastronômica de acordo com os nossos costumes e demanda do público. Tal iniciativa poderia envolver órgãos como o SENAR, SENAC, SEBRAE e outros. Poderia ainda integrar uma síntese do que há de melhor na cidade.
Bem como o próprio bairro é um bairro histórico, mas também não há uma iniciativa governamental para preservar ainda algumas sacadas de casas antigas existentes e deixar estas com um colorido especial, bem como não há um ponto sequer com informações turísticas, nem outros órgãos funcionando para apoio dos visitantes. Nunca o fizeram.
Em certo momento acontecia um espetáculo natalino, que juntava o popular com o encanto de natal inserindo elementos da cultura pernambucana como o caboclinho, bumba meu boi, cavalo marinho, cavalgadas e circulava por toda a cidade acompanhada por dois espetáculos de dança, sendo este um pastoril profano e outro religioso. E logo após, o espetáculo uma apresentação de uma orquestra municipal cantando canções natalinas. Um luxo só. Emocionavam o público em todas as apresentações pois, sentiam que aquilo tudo levava uma pontinha de esperança para o nosso povo sofrido e hospitaleiro. Tive conhecimento que estão montando outro espetáculo natalino. Tomara que dê certo, nosso povo precisa de ilusões, assim como todo vivente.
Vale a pena registrar a eminência da criação de um Shopping ali naquela área, o Camará Shopping. É a modernidade chegando. Tomara que ela não devore os nossos costumes mais alegres e com eles, de reboque, todo o fulgor e essência de nossas almas.