"ENCHENTES NA HISTÓRIA DO RIO DE JANEIRO"

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Com a terrível enchente ocorrida no Rio de Janeiro e em vários outros Estados do Brasil como Minas Gerais e Santa Catarina, principalmente, Bruno Leal, fundador do Café com História, inaugurou o canal social de História entrevistando a historiadora mineira do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Andréia Casa Nova Maia sobre “ENCHENTES NA HISTÓRIA DO RIO DE JANEIRO”, uma pesquisa sobre as Enchentes históricas naquele Estado e o resultado foi surpreendente: as enchentes no RJ se confundem com a própria história da capital maravilhosa. A professora inaugurou a sessão chamada “Cafezinho”, do “Café História”, destinado a entrevistar autores sobre livros que estão sendo lançados ou comemorando algum evento importante e relevante. Junto com a professora Lize Sedrez, a pesquisadora tem um estudo profundo sobre as enchentes no RJ e disse que o padre José de Anchieta, em 1575, na fundação da cidade, teria enviado uma carta aos seus superiores narrando uma enchente com chuvas torrenciais que teriam arrebentado até as fontes de água.

Sendo histórica a realidade das enchentes no RJ, devendo ser também em outras capitais, por que até hoje as autoridades públicas não se prepararam para combater o problema ambiental e social das enchentes no RJ ou as secas no nordeste? O Brasil é um país continental, de clima chuvoso e de secas terríveis! Diante disso, porque continuam se discutindo problemas tão banais e históricos como esses, se tanto as enchentes no RJ e em outros Estados também afetados pelas águas, como as secas no nordeste remontam da época do Império? O que falta para serem solucionados os problemas das cheias nos Estados e as secas nos Estados nordestinos, que tantas tragédias sociais, humanas e corrupções causam ao Brasil? Ou é falta de competência, planejamento, ação ou vontade política do Governo para resolver os problemas urgentes da população, que terminam por gerar um grave problema social devido às doenças endêmicas em filas de atendimentos, com sobrecarga nos postos onde falta o básico, principalmente a saúde?! Mas a solidariedade da população compensa essa incompetência pública, sempre, desde 1966 quando houve a enchente mais lembrada na capital carioca.

Segundo a pesquisadora, a cidade do RJ foi toda construída em cima de manguezais e brejos, com seguidos aterros que já duram mais de 500 anos. A professora define e separa as enchentes e garante que o caos social é antigo, com relatos das enchentes de 1575, 1711, esta conhecida como “Águas do Monte” quando o administrador da cidade, Vieira Fazenda, teria narrado uma história trágica, mas no vídeo, ela não falou qual teria sido essa história trágica. Contudo, garantiu que o que ocorre é um grave problema social na “cidade maravilhosa”, que não está mais tão maravilhosa assim! E o que dizer de outras cidades que estão sendo alagadas também? A professora Lize, de História Ambiental, ao chegar ao RJ tinha uma grande enchente. Leu trabalhos na Casa de Rui Barbosa e colheu histórias orais e comparou tudo com a capital da Argentina, que também tem histórias de enchentes.

Seria falta de rede de esgotos para escoar a água das chuvas? Seria culpa da população que descarta lixos nas ruas entupindo os bueiros, ou seriam as duas coisas juntas contribuindo para que as cidades mais populosas, em épocas de chuvas, só seja permitido se andar de canoa, uma herança indígena muito praticada no Estado do Amazonas, mas não no resto do país! Ela disse que o pobre é mais atingido pelas chuvas porque são removidos, causando um grave problema social para o município e o Estado como um todo.

A pesquisadora, falando sobre o RJ, disse que quando da invasão dos franceses a Bahia de Guanabara os portugueses teriam justificado a derrota devido a uma chuva torrencial que ocorrera no dia da invasão. A professora se vale de relato cronistas, para garantir que pessoas fugiam da invasão dos franceses para os Morros do RJ, dando início ao processo de ocupação desordenada da cidade, sem planejamento. A pesquisa da professora garante que as enchentes no RJ ocorrem desde a Primeira República, mas fixa seu trabalho mais detalhadamente sobre enchentes dos anos de1977/68, por continuarem na memória coletiva do povo daquela cidade. Cita, por exemplo, que a Praça Bandeira sofre com o fenômeno das enchentes desde quando era chamada de Largo do Abatedouro, por ter sido construída em cima de uma região de mangue aterrada pelo Império. Mas garantiu que tudo era mangue no Rio de Janeiro, exceto os morros. Acrescenta, ainda, que a “Cidade de Deus” seria destinada aos funcionários públicos, mas devido às chuvas que teriam ocorrido no ano de 1966 no Rio de Janeiro, pessoas mais carentes desalojadas pelas chuvas, passaram a ocupá-la, ainda sendo construída, sem banheiros e sendo quase como um “um campo de concentração nazista”, segundo a pesquisadora, que teceu críticas ao programa Minha Casa, Minha Vida, porque não fazem um perfeito estudo de drenagem para escoamento de águas das chuvas.

Antes, todos os pobres desabrigados eram abrigados no Ginásio “Maracanazinho” e no Estádio do Maracanã porque os dois locais recebiam refugiados de enchentes, naquela época. Enquanto aguardava para fazer exames na CEMED conversei com um cidadão espanhol de origem, mas se dizendo um cidadão do mundo por sempre viajar e conhecer a Europa, que narrou ter morado na década de 70 com sua família no Rio de Janeiro e que teria testemunhado a construção do que é hoje a Praia de Copacabana, com areia da atual praia retirada de uma obra de um canal e toda ela despejada no local em que se encontra hoje.

No livro “O CAMINHO NÃO PERCORRIDO” – a trajetória dos assistentes sociais masculinos em Manaus (in carloscostajornalismo.blogspot.com), faço referência histórica sobre o assunto, mas nunca pensei que encontraria uma testemunha da história para contar que os prédios próximos a areia da praia tinham suas garagens inundadas pelas ondas do mar e que ele e sua família sentavam nas pedras que existiam no lugar da calçada, colocavam o pé na pequena faixa de areia que existia e depois tinham que levantá-los para não serem molhados. Com a obra o mar recuou, não enche ou alagou mais os estacionamentos, mas a natureza está cobrando seu preço em dobro pelo homem ter modificado sem um planejamento, tudo o que já era naturalmente belo, porém, feio para os turistas. O mesmo pode acontecer em Manaus, que teve todos seus igarapés aterrados para dar lugar ao Prosamin, obra desnecessária, eleitoreira, realizada por falta de planejamento urbano, mas com um grande alcance social e também político!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 15/12/2013
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