Dádivas da Internet
Não sonho ter um milhão de amigos, como diz a canção de Roberto, porque amizade requer cultivo por mãos próprias. O máximo da atenção para os amigos de perto são os encontros no trabalho, nos bares, nos lares, nos parques, na feira, nos templos, nas maternidades, nos hospitais, nos velórios. Com a multiplicação das redes sociais cultivamos também amizades virtuais, onde pessoas que estão a uma lua de distância se tornam tão ou mais próximas que os amigos de porta.
Confesso que tenho muitos amigos presenciais e virtuais. Está certo, algumas amizades se perderam no caminho por motivo de viagens ou desencantos, mas em seu tempo foram infinitas, como diz a canção de Vinícius, citação obrigatória quando se fala de amizade. Na pressa dos dias, que a quase todos consome, sem querer nos tornamos ausentes. Por este motivo, pensava que me bastavam as antigas amizades de mais ou de menos três décadas. Assim, me surpreendi quando este ano me trouxe duas grandes novas amizades, uma presencial, outra virtual.
A presença de Rose no trabalho, inicialmente desdenhada por mim que, como disse, já tinha amigos suficientes para esta lua não parar em casa, de tanto convite para gravitar pela cidade. Pelas conversas na hora do almoço, no restaurante pago pela empresa, percebi que a colega era cheia de manias. Duvidei quando mencionou, por duas vezes, que me achava parecida com ela. Mas por quê?
Falou-me que tínhamos a mesma preocupação com a separação do lixo orgânico e reciclável. Nem lhe havia falado que sonho em conhecer a Suíça, não só porque tem o Hotel Merian, em Basel, e paisagens deslumbrantes, mas pela separação de lixo exemplar que o povo cumpre sem pestanejar (Ó, quanta inveja!). Isto ainda não justificaria a semelhança, pois hoje é comum a preocupação com a manutenção do verde. Um dia falei que havia deixado o curso de italiano, pois concluíra no ano anterior o curso de espanhol e me peguei misturando tudo, a ponto de nem mais saber o português. Assim, resolvi mudar da raiz latina para estudar hebraico, onde há diferença no alfabeto e grafia. E não é que Rose havia percorrido as mesmas escolas? Bingo! Deu-me nova amizade, a roda da sorte.
Mas o motivo desta crônica, que se espichou além do devido, é falar das preciosas amizades que disponho neste espaço literário. Para exemplificar a dádiva celeste, utilizarei a amizade que desenvolvi com Zélia neste ano de 2013. Com isto quero homenagear todas as amizades neste espaço virtual. Alguns amigos partiram para o desconhecido, deixando no peito muita saudade. Encontro outros em novos espaços virtuais, como a madrinha de letras Mariza Brasil e Helena Chiarello. Há aqueles que me acompanham desde 2008 e os que vieram depois, cuja presença constante ou espaçada jamais dispensarei. Pensei em listar os nomes aqui, mas a injustiça da peça pregada pelo esquecimento seria para mim imperdoável.
Por falar em Zélia, todas as noites nos damos Boa Noite e Bom Dia por e-mail e algumas vezes por telefone. Assim é que a criatura já se tornou viciada em Boas Noites, de modo que quando não apareço a tempo para lhe desejar ou redobrar os votos de Boa Noite, ouiço (como dizem os meus amigos portugueses) protestos e promessas de me deserdar da família e não me enviar mais beijinhos de Boa Noite. Com a minha concessão, Zélia se intitulou a irmã mais velha, ou como se diz em espanhol: "hermana mayor". Ontem, deixei apenas um Boa Noite e um Bom Sábado, não retribuindo as respostas, razão do seguinte diálogo, que transcrevo com a devida autorização da parte queixosa.
Sexta-feira, 13 de dezembro
Meriam: Que a noite de hoje e as próximas 78 horas sejam floridas de risos, abraços, beijos, SERvejinhas e muita alegria! Boa noite, Feliz sábado e muito auê! Beijos
Zélia: heiii cheguei tava no aniversário da Marne, tô saindo fora da conta hahahahahaha, beijo meu boa noite!!! Responda. beijossss
Zélia: Eita, não respondeu! Foi pra rua? então boa noite, meio beijo até amanhã.
Sábado, 14 de dezembro
Zélia: Bom dia amiguinha ingrata que não respondeu o meu boa noite ontem. Magoou. Haahahahahahaha. Esta mágoa é só um pouqinho de brincadeirinha. Beijosss pela metade.
Meriam: Oi, lindona! Só voltei ao micro agora no sábado. Deixo, então:
Um BOM DIA perfumado
neste sábado alegre,
bem verde como um gramado,
pra que a vida seja leve.
Meriam: Oi, olha eu aqui. Não fui pra rua, mas desliguei o micro. Aqui estou novamente para lhe deixar uma rosa para o sábado [Foto que ilustra a página]:
Tímida, a bela rosa,
escondeu-se sob a folha,
mas cativa, a flor mimosa,
sorriu, ao flash, por escolha.
Zélia:
Uma rosa com amor
Aos amigos tudo
Inclusive rosas vermelhas
Hahahahaha. Gostou? Ainda serei boa nisso. Beijos inteiros
Meriam: Gostei sim e retribuo!!
Amizade, uma centelha,
de anjos, a alegoria,
riso de rosas vermelhas
a perfumar nossos dias!
Meriam: em PENITÊNCIA:
De joelhos no tapete
fofo e quente deste chão,
com voz fina, em falsete,
venho pedir seu perdão!
Perdoada, em meu caminho,
rogo à fonte dos desejos,
que lhe cubra de carinho,
risos, abraços e beijos!
Zélia:
Hum-hum... Vou puxar esse tapete, tá muito macio para o meu gosto, no lugar vou colocar uns carocinhos de milho... Hahahahaha. Vai cumprir missão domiciliar sem desligar o computador. Estamos entendidas???
Meriam: chuf, chuf...
Nem com todos os versinhos
que eu fiz para você
(alguns bem apressadinhos),
seu perdão pude obter.
Não sonho ter um milhão de amigos, como diz a canção de Roberto, porque amizade requer cultivo por mãos próprias. O máximo da atenção para os amigos de perto são os encontros no trabalho, nos bares, nos lares, nos parques, na feira, nos templos, nas maternidades, nos hospitais, nos velórios. Com a multiplicação das redes sociais cultivamos também amizades virtuais, onde pessoas que estão a uma lua de distância se tornam tão ou mais próximas que os amigos de porta.
Confesso que tenho muitos amigos presenciais e virtuais. Está certo, algumas amizades se perderam no caminho por motivo de viagens ou desencantos, mas em seu tempo foram infinitas, como diz a canção de Vinícius, citação obrigatória quando se fala de amizade. Na pressa dos dias, que a quase todos consome, sem querer nos tornamos ausentes. Por este motivo, pensava que me bastavam as antigas amizades de mais ou de menos três décadas. Assim, me surpreendi quando este ano me trouxe duas grandes novas amizades, uma presencial, outra virtual.
A presença de Rose no trabalho, inicialmente desdenhada por mim que, como disse, já tinha amigos suficientes para esta lua não parar em casa, de tanto convite para gravitar pela cidade. Pelas conversas na hora do almoço, no restaurante pago pela empresa, percebi que a colega era cheia de manias. Duvidei quando mencionou, por duas vezes, que me achava parecida com ela. Mas por quê?
Falou-me que tínhamos a mesma preocupação com a separação do lixo orgânico e reciclável. Nem lhe havia falado que sonho em conhecer a Suíça, não só porque tem o Hotel Merian, em Basel, e paisagens deslumbrantes, mas pela separação de lixo exemplar que o povo cumpre sem pestanejar (Ó, quanta inveja!). Isto ainda não justificaria a semelhança, pois hoje é comum a preocupação com a manutenção do verde. Um dia falei que havia deixado o curso de italiano, pois concluíra no ano anterior o curso de espanhol e me peguei misturando tudo, a ponto de nem mais saber o português. Assim, resolvi mudar da raiz latina para estudar hebraico, onde há diferença no alfabeto e grafia. E não é que Rose havia percorrido as mesmas escolas? Bingo! Deu-me nova amizade, a roda da sorte.
Mas o motivo desta crônica, que se espichou além do devido, é falar das preciosas amizades que disponho neste espaço literário. Para exemplificar a dádiva celeste, utilizarei a amizade que desenvolvi com Zélia neste ano de 2013. Com isto quero homenagear todas as amizades neste espaço virtual. Alguns amigos partiram para o desconhecido, deixando no peito muita saudade. Encontro outros em novos espaços virtuais, como a madrinha de letras Mariza Brasil e Helena Chiarello. Há aqueles que me acompanham desde 2008 e os que vieram depois, cuja presença constante ou espaçada jamais dispensarei. Pensei em listar os nomes aqui, mas a injustiça da peça pregada pelo esquecimento seria para mim imperdoável.
Por falar em Zélia, todas as noites nos damos Boa Noite e Bom Dia por e-mail e algumas vezes por telefone. Assim é que a criatura já se tornou viciada em Boas Noites, de modo que quando não apareço a tempo para lhe desejar ou redobrar os votos de Boa Noite, ouiço (como dizem os meus amigos portugueses) protestos e promessas de me deserdar da família e não me enviar mais beijinhos de Boa Noite. Com a minha concessão, Zélia se intitulou a irmã mais velha, ou como se diz em espanhol: "hermana mayor". Ontem, deixei apenas um Boa Noite e um Bom Sábado, não retribuindo as respostas, razão do seguinte diálogo, que transcrevo com a devida autorização da parte queixosa.
Sexta-feira, 13 de dezembro
Meriam: Que a noite de hoje e as próximas 78 horas sejam floridas de risos, abraços, beijos, SERvejinhas e muita alegria! Boa noite, Feliz sábado e muito auê! Beijos
Zélia: heiii cheguei tava no aniversário da Marne, tô saindo fora da conta hahahahahaha, beijo meu boa noite!!! Responda. beijossss
Zélia: Eita, não respondeu! Foi pra rua? então boa noite, meio beijo até amanhã.
Sábado, 14 de dezembro
Zélia: Bom dia amiguinha ingrata que não respondeu o meu boa noite ontem. Magoou. Haahahahahahaha. Esta mágoa é só um pouqinho de brincadeirinha. Beijosss pela metade.
Meriam: Oi, lindona! Só voltei ao micro agora no sábado. Deixo, então:
Um BOM DIA perfumado
neste sábado alegre,
bem verde como um gramado,
pra que a vida seja leve.
Meriam: Oi, olha eu aqui. Não fui pra rua, mas desliguei o micro. Aqui estou novamente para lhe deixar uma rosa para o sábado [Foto que ilustra a página]:
Tímida, a bela rosa,
escondeu-se sob a folha,
mas cativa, a flor mimosa,
sorriu, ao flash, por escolha.
Zélia:
Uma rosa com amor
Aos amigos tudo
Inclusive rosas vermelhas
Hahahahaha. Gostou? Ainda serei boa nisso. Beijos inteiros
Meriam: Gostei sim e retribuo!!
Amizade, uma centelha,
de anjos, a alegoria,
riso de rosas vermelhas
a perfumar nossos dias!
Meriam: em PENITÊNCIA:
De joelhos no tapete
fofo e quente deste chão,
com voz fina, em falsete,
venho pedir seu perdão!
Perdoada, em meu caminho,
rogo à fonte dos desejos,
que lhe cubra de carinho,
risos, abraços e beijos!
Zélia:
Hum-hum... Vou puxar esse tapete, tá muito macio para o meu gosto, no lugar vou colocar uns carocinhos de milho... Hahahahaha. Vai cumprir missão domiciliar sem desligar o computador. Estamos entendidas???
Meriam: chuf, chuf...
Nem com todos os versinhos
que eu fiz para você
(alguns bem apressadinhos),
seu perdão pude obter.
E assim como as rosas nos acariciam quando cultivadas, as amizades florescem onde a dedicação de cada dia encontra solo fértil. Hora de desejar a todos os meus amigos e amigas um FELIZ NATAL e um NOVO ANO de cumplicidade literária e renovadas amizades.