O caminho à frente
O caminho à frente
Cujo subtítulo adequado seria: “Interrogações sobre o caminho à frente”. Terça que vem teremos lua cheia. Vamos ao encontro dela, querendo ou não, impossível evitar e também não significa que vamos encontrá-la de propósito.
Se você me perguntar, neste exato instante, qual a missão do escritor, eu lhe direi: nenhuma. Exceto que, ele nunca escreve para o passado. Seus pensamentos, seu conjunto de idéias ou talvez a ausência total delas são sempre para o futuro. Na visão do tempo linear, por exemplo, ninguém vai saltar do século XIX para ler uma sofrível fabricação do séc. XXI. Até porque seria uma tremenda decepção: a maneira como se colocava idéias no papel nos 1800, ou como se raciocinava, era de uma engenhosidade que se perdeu.
Ai, ai, instigante momento, esse em que vivemos. Experiências difíceis de compartilhar, tão pessoais elas são. Há o receio da direção errada por falta das informações que ainda estão por vir. Só mesmo contando histórias, às vezes, para diluir a intensidade das percepções.
Se eu sou o território a ser explorado, como é que alguém pode fazer isso por mim?
E mais: por que brigar por injustiças menores quando todas derivam da mãe das injustiças?
Já ouviu falar do caso do homem que arrombou uma farmácia, para encontrar um medicamento vital para sua esposa? Era madrugada, a mulher agonizava, a farmácia estava fechada. Uma mente positiva chegou no real veredicto: ei, calma lá, vamos pensar um pouco - uma janela foi quebrada e uma vida foi salva.
Temos também o episódio de um reputado general de 5 estrelas, e sua opinião sobre Tribunais de Crimes de Guerra. Ele teria dito sem orgulho: toda guerra é um crime.
Mentes positivas modernas atestam: qualquer erro é um caminho de descoberta. E, eu acrescentaria, as pessoas realmente criativas são aquelas dispostas a cometer erros.
Muitos descasos que seriam (na verdade são) da responsabilidade das esferas ditas oficiais, ou públicas, talvez não tenham tido um início na base da má fé. O problema é que sempre surgem tempo e oportunidades suficientes para se desfazer o que estava torto. E como sempre, ninguém no governo assume responsabilidade por nada. Promovem, ofuscam, racionalizam, “todo mundo faz isso!” - exclamam, e assim acabam criando um espaço moral onde todos levam a culpa para que ninguém seja culpado.
Onde eu me encaixo nesse esquema? E sei eu?! Mal cuido dos meus chinelos...
Mas, encarando a questão com maior abrangência, tudo se resume a um grande jogo, e guerrear no jogo nos mantém presos, essa é a verdade. Muito embora, nesse período, qualquer coisa identificada como verdade vira fumaça segundos depois. Ou horas, ou dias...
Meu mundo é composto do meu ambiente imediato, e volta e meia pondero se meus dilemas são o pires que esfria o café ou o ralo por onde tudo escoa.
Ainda veremos líderes sem inclinação alguma para poder (sobre outros), dinheiro e prestígio (para si mesmos), e dotados de uma única mensagem: sai dessa! Seja feliz!
Inexiste outra verdade além daquela que liberta.
(Imagem: Jogger, 1979 - Larry Silver)
O caminho à frente
Cujo subtítulo adequado seria: “Interrogações sobre o caminho à frente”. Terça que vem teremos lua cheia. Vamos ao encontro dela, querendo ou não, impossível evitar e também não significa que vamos encontrá-la de propósito.
Se você me perguntar, neste exato instante, qual a missão do escritor, eu lhe direi: nenhuma. Exceto que, ele nunca escreve para o passado. Seus pensamentos, seu conjunto de idéias ou talvez a ausência total delas são sempre para o futuro. Na visão do tempo linear, por exemplo, ninguém vai saltar do século XIX para ler uma sofrível fabricação do séc. XXI. Até porque seria uma tremenda decepção: a maneira como se colocava idéias no papel nos 1800, ou como se raciocinava, era de uma engenhosidade que se perdeu.
Ai, ai, instigante momento, esse em que vivemos. Experiências difíceis de compartilhar, tão pessoais elas são. Há o receio da direção errada por falta das informações que ainda estão por vir. Só mesmo contando histórias, às vezes, para diluir a intensidade das percepções.
Se eu sou o território a ser explorado, como é que alguém pode fazer isso por mim?
E mais: por que brigar por injustiças menores quando todas derivam da mãe das injustiças?
Já ouviu falar do caso do homem que arrombou uma farmácia, para encontrar um medicamento vital para sua esposa? Era madrugada, a mulher agonizava, a farmácia estava fechada. Uma mente positiva chegou no real veredicto: ei, calma lá, vamos pensar um pouco - uma janela foi quebrada e uma vida foi salva.
Temos também o episódio de um reputado general de 5 estrelas, e sua opinião sobre Tribunais de Crimes de Guerra. Ele teria dito sem orgulho: toda guerra é um crime.
Mentes positivas modernas atestam: qualquer erro é um caminho de descoberta. E, eu acrescentaria, as pessoas realmente criativas são aquelas dispostas a cometer erros.
Muitos descasos que seriam (na verdade são) da responsabilidade das esferas ditas oficiais, ou públicas, talvez não tenham tido um início na base da má fé. O problema é que sempre surgem tempo e oportunidades suficientes para se desfazer o que estava torto. E como sempre, ninguém no governo assume responsabilidade por nada. Promovem, ofuscam, racionalizam, “todo mundo faz isso!” - exclamam, e assim acabam criando um espaço moral onde todos levam a culpa para que ninguém seja culpado.
Onde eu me encaixo nesse esquema? E sei eu?! Mal cuido dos meus chinelos...
Mas, encarando a questão com maior abrangência, tudo se resume a um grande jogo, e guerrear no jogo nos mantém presos, essa é a verdade. Muito embora, nesse período, qualquer coisa identificada como verdade vira fumaça segundos depois. Ou horas, ou dias...
Meu mundo é composto do meu ambiente imediato, e volta e meia pondero se meus dilemas são o pires que esfria o café ou o ralo por onde tudo escoa.
Ainda veremos líderes sem inclinação alguma para poder (sobre outros), dinheiro e prestígio (para si mesmos), e dotados de uma única mensagem: sai dessa! Seja feliz!
Inexiste outra verdade além daquela que liberta.
(Imagem: Jogger, 1979 - Larry Silver)