A vida renova a esperança...

A vida renova a esperança. Não podemos deixar que a lembrança de coisas e pessoas e momentos e fatos bons de nossas histórias nos tornem prisioneiros do tempo que foi bom, valeu e ficou ancorado lá atrás, diante do que poderia ainda ser melhor...

Correto dizer que nada é fácil, nem tão pouco impossível. A força da mudança está primeiramente na vontade que temos de ressurreição da essência do que já foi, mas não é mais como antes. O tempo muda, as oportunidades chegam, devemos, pois alçar novos voos sem temer onde vamos chegar. A vida renova a esperança...

As coisas boas acontecem não por merecimento, mas pelo fato de apostarmos que é vivendo que passamos a ser o que somos, porque não posso crer numa vida meio roleta russa, ou loteria, ou bingo, ou qualquer outro tipo de jogo que se perde ou que se ganha, mas sim em uma possibilidade de arriscar, de encontrar, de ganhar, de recomeçar sempre que desejamos trilhar um novo percurso. As coisas boas são gestadas no útero natural de todo ser chamado coração: a partir do momento que tenho um coração generoso, as coisas chegam, tornam-se posseiras, depois agregadas, em seguida parentas próximas e sem menos esperar já eram parte de nós, mas partem com o tempo e precisamos inovar, refazer, trocar a cor, restaurar a estampa, enfim, não podemos parar e achar que tudo teve fim...

Com as pessoas não são diferentes. As pessoas se agrupam por ordem natural da vida: somos pais, mães, filhos, irmãos, depois somos casados, cunhados, genros, noras, já éramos sobrinhos, tios, netos porque os pais tornam-se avós e os avós bisavós e necessitamos de agregar outros e vários outros títulos vão surgindo. Amigos, vizinhos, conhecidos, colegas, namorados, amantes, fraternos... A humanidade constrói sobre os humanos as relações de poder e a organização social. As pessoas são gestadas dentro do útero natural de todos chamado de necessidade. É pela necessidade que nos agrupamos, inventamos linguagens, convivemos, participamos uns da vida do outro, trazemos outros de dentro de nós, construímos grupos, damos nomes a esses grupos. Para alguns família natural, para outros família substituta, família alargada, alternativa, enfim, arranjamos desculpas para estarmos próximos uns dos outros e próximos, adjuntos, criamos laços, estreitamos espaços, embaraçamos, desembaraçamos, nos construímos como presentes embalados nos quais cada um tem uma essência e necessitamos de descobrir e, nas descobertas, vêm os ânimos/desânimos, alegrias/tristezas, aprovações/desaprovações, contentamentos/descontentamentos, afinidades/desapontamentos porque para conviver não existe fórmula ou receita, se vive, se convive, se experimenta, se tenta, se quer até que uns ficam, outros se vão. Uns são outro não. Uns nos querem por perto, já outros se querem distantes. Alguns são de carne, outros mistérios. Alguns nascem, crescem e no desenvolvimento seguem outros caminhos, encontram outros aconchegos, resolvem ficar no meio do caminho, desistem de si, enveredam por outras trilhas... A essência fica, não podemos ficar ancorados nos desejos, atitudes e possibilidades dos outros. Nós somos, por sermos, adiante, semelhante as rosas, embelezamos a vida pelo período que estamos nas roseiras. Longe delas, tudo murcha, perde o perfume, a vitalidade, o encantamento, a beleza, a vida... Faltou a água, faltou o alimento, faltou o cuidado, faltou a raiz e dela a seiva. Não podemos deixar que isso aconteça. Pessoas chegam, pessoas se vão...

São os bons momentos de nossas vidas. Estes existem porque existiram também os ruins, mas não ficaram na lembrança. Armazenamos mesmo os bons, aqueles jamais esquecidos, muitas vezes causadores de risos e lágrimas. As vivências que assistiram ao espetáculo de nossas vidas, quando do momento em que as cortinas eram abertas ou mesmo quando ainda diante do espelho fazíamos a maquiagem, mudávamos de persona no momento oportuno. Cada ruga nascida, cada célula mudada, cada instante em que as mãos se uniam em aplausos ou o coração se fechava em remorsos. Bons momentos são combustíveis para novas combustões. Nada de ver somente as velhas fotografias ou saudar antigas coleções de selos ou papéis de cartas...

A vida renova a esperança, a vida se renova na esperança, vida e esperança são cúmplices no processo de felicidade de cada um de nós. Faça a faxina diária: deixe as coisas em seus lugares, existem outras coisas que necessitam serem descobertas; os que já partiram, ficaram em essência, cultue os presentes, mude as fotos gastas dos porta retratos, seja porta retrato de momentos e fatos de hoje, o tempo presente, as pessoas presentes são cheias de coisa boas que podem renovar as esperanças de sua vida. Acredite e bola para o alto, depois de explodida, mistérios, só mistérios...