Janelas Divinas
Quanto vale a vista?
Está se falando não da visão em si, do ver, do enxergar. Mas sim do poder apreciar, observar. Isto no espaço urbano, nas moradias com amplas visões do espaço exterior, é cada vez mais valorizado.
Se do interior se vê o que está fora até onde os olhos podem alcançar, do exterior se recebe a Luz – sim, grafado com maiúscula dada a sua importância e não vai aqui nenhum tom ou menção de esoterismo ou espiritualidade. Refere-se somente aos benefícios de melhor ver o que ela, a Luz, traz.
Percebe-se na contemporânea arquitetura que os benefícios da claridade, da visão, do aquecimento ambiental natural estão cada vez mais valorizados – sem contabilizar os efeitos bactericida e germicida que a Luz proporciona – tem que, também, tangenciar a importância antidepressiva e psíquica, ainda que tudo isto não seja a tônica deste texto.
Quando se chega a um ambiente o que mais ressalta aos olhos?
A limpeza, diria muitos. A disposição dos móveis, outros apontariam. A decoração seria a atenção de alguns... Isto e aquilo certamente se somam fazendo o ambiente ser acolhedor. Acrescente-se o motivo desta argumentação: a vista.
Em passeios, viagens, idas e vindas aqui e acolá os mirantes naturais ou construídos são procurados por proporcionar refrigério e descanso para o corpo e colírio para a vista.
Há um lugar especial no centro da cidade para se alimentar, lanchar e estar com amigos ou mesmo sozinho – é meu lugar preferido também para ler e escrever. Além das ofertas culinárias saudáveis e saborosas, os atendimentos dos funcionários são de primeira. Agregado a tudo isto está a razão de nosso tema: a vista.
Neste lugar em pontos estratégicos de várias mesas, entre uma mordiscada ou outra – e em meu caso, entre uma leitura ou exercício da escrita – aprecia-se a vista proporcionada pelo janelão dividido em malhas. Cada uma destas malhas forma um quadro.
A paisagem urbana panorâmica vista dali pode ser decomposta em várias telas: a igreja do Divino e bairros próximos, a antiga fábrica reportando ao quadro ‘Operários’ de Tarsila do Amaral, a basílica de S. José Operário e seus arredores, a torre da antiga Escola Agrícola...
Se naquele restaurante os sabores são d’alma, a vista só pode ser divina.
A qual estabelecimento eu estou me referindo? Já sabe?! Então nos encontraremos lá.
Leonardo Lisbôa.
Barbacena, 14/12/2013.