MEU AMIGO CONVIDOU-ME A COMER UM PEIXE
Uma casa estilo colonial, entre verdes montanhas, fauna e flora ao sopro de ares campestres. Queda d’água formando riacho a deslizar nas pedras, e uma sinfonia de pássaros nas árvores ladeando capinzal e plantações. Alpendre, extensa varanda de onde se avista o escampado, a vastidão da planície até as encostas onde bois e cavalos passeiam pelo pasto. No horizonte azul brilham raios solares no infinito que parece unir céu e terra. Vem dos lados da cozinha o aroma do café, o cheiro de bolo associando-se ao sabor da coalhada e do queijo. A fumaça das brasas assando carneiro. Tudo forma e enfeita a paisagem do campo. O alvoroçar das galinhas, o ronco dos porcos no cercado, o papagaio numa tábua erguida por duas correntes e no alpendre os cães esparramados, mas atentos a qualquer estranho.
Mais tarde, na longa mesa coberta por quadriculada toalha, pratos à espera das vasilhas cheias, com cardápio a servir. De repente, a mesa se completa com travessas e tigelas fumegantes. O arroz branco e solto e, na panela de barro, o peixe cozido espalhando aroma do robalo ao leite de coco. Juntos a ele o pirão e a pimenta em conserva. Noutra vasilha, uma travessa em inox, o peixe assado, rodeado de verduras. A carne de carneiro, dourada e cheirosa, estava em fatias sobre uma tábua. Vinho branco acompanhando o peixe, tinto a quem degustasse a carne. Suco de graviola e de seriguela, ambas cultivadas na própria terra.
André fez-me ir à mesa sem cerimônia. Sentou-se ao meu lado para descontrair-me. Na cabeceira da mesa o pai, Romão, tendo à esquerda a esposa Matilde. Outros familiares completaram os assentos. Não era a primeira vez que eu frequentava aquela casa. Minha aproximação com a família Romão vem desde quando eu e André éramos colegas de faculdade e estagiávamos na Defensoria Pública. À mesa, animado e descontraído, ele me recordava fatos enquanto me estimulava a comer. Kaio, o irmão mais novo, faz Cinema na UnB. Foi num papo com ele que fiquei sabendo sobre a atriz Simone Signoret e o cantor Yves Montand, ambos me inspirando o poema Brecheret. A namorada de Kaio foi colega de Márcia, minha mulher, na UnB
O almoço prolongou-se, com papo animado. Comi só um pouco do carneiro; o peixe estava mais delicioso. Depois, fomos à varanda ouvir música, piadas e muitas gargalhadas. André, contando aquelas bem picantes, não parecia aquele cara formal, ligado à linguagem jurídica, à letra da lei e aos princípios da norma. É um “imoral” engraçado e simples, quando estamos livres do terno, do Foro ou preparatório para a magistratura. Voltamos no princípio da noite. No caminho, André perguntou-me: - Aí cara, curtiu o peixe? Então, poeta, olha só esses versinhos:
Queres robalo?
Compra de quem roubá-lo.
Carneiro assado não sabes comê-lo.
Queres comer piranha?
Ela te ganha e te apanha,
Te come depois de mordê-lo.
KKKKKKKK
____________
Olha só o nome da música que por lá rolou várias vezes:
Crime Perfeito.
http://www.youtube.com/watch?v=FnqavTYX2bw
Uma casa estilo colonial, entre verdes montanhas, fauna e flora ao sopro de ares campestres. Queda d’água formando riacho a deslizar nas pedras, e uma sinfonia de pássaros nas árvores ladeando capinzal e plantações. Alpendre, extensa varanda de onde se avista o escampado, a vastidão da planície até as encostas onde bois e cavalos passeiam pelo pasto. No horizonte azul brilham raios solares no infinito que parece unir céu e terra. Vem dos lados da cozinha o aroma do café, o cheiro de bolo associando-se ao sabor da coalhada e do queijo. A fumaça das brasas assando carneiro. Tudo forma e enfeita a paisagem do campo. O alvoroçar das galinhas, o ronco dos porcos no cercado, o papagaio numa tábua erguida por duas correntes e no alpendre os cães esparramados, mas atentos a qualquer estranho.
Mais tarde, na longa mesa coberta por quadriculada toalha, pratos à espera das vasilhas cheias, com cardápio a servir. De repente, a mesa se completa com travessas e tigelas fumegantes. O arroz branco e solto e, na panela de barro, o peixe cozido espalhando aroma do robalo ao leite de coco. Juntos a ele o pirão e a pimenta em conserva. Noutra vasilha, uma travessa em inox, o peixe assado, rodeado de verduras. A carne de carneiro, dourada e cheirosa, estava em fatias sobre uma tábua. Vinho branco acompanhando o peixe, tinto a quem degustasse a carne. Suco de graviola e de seriguela, ambas cultivadas na própria terra.
André fez-me ir à mesa sem cerimônia. Sentou-se ao meu lado para descontrair-me. Na cabeceira da mesa o pai, Romão, tendo à esquerda a esposa Matilde. Outros familiares completaram os assentos. Não era a primeira vez que eu frequentava aquela casa. Minha aproximação com a família Romão vem desde quando eu e André éramos colegas de faculdade e estagiávamos na Defensoria Pública. À mesa, animado e descontraído, ele me recordava fatos enquanto me estimulava a comer. Kaio, o irmão mais novo, faz Cinema na UnB. Foi num papo com ele que fiquei sabendo sobre a atriz Simone Signoret e o cantor Yves Montand, ambos me inspirando o poema Brecheret. A namorada de Kaio foi colega de Márcia, minha mulher, na UnB
O almoço prolongou-se, com papo animado. Comi só um pouco do carneiro; o peixe estava mais delicioso. Depois, fomos à varanda ouvir música, piadas e muitas gargalhadas. André, contando aquelas bem picantes, não parecia aquele cara formal, ligado à linguagem jurídica, à letra da lei e aos princípios da norma. É um “imoral” engraçado e simples, quando estamos livres do terno, do Foro ou preparatório para a magistratura. Voltamos no princípio da noite. No caminho, André perguntou-me: - Aí cara, curtiu o peixe? Então, poeta, olha só esses versinhos:
Queres robalo?
Compra de quem roubá-lo.
Carneiro assado não sabes comê-lo.
Queres comer piranha?
Ela te ganha e te apanha,
Te come depois de mordê-lo.
KKKKKKKK
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Olha só o nome da música que por lá rolou várias vezes:
Crime Perfeito.
http://www.youtube.com/watch?v=FnqavTYX2bw