Cores Preferidas
Acabei de ver “As Duas Faces da Lei”, com Robert de Niro e Al Pacino. E concluo que os filmes americanos, muitos deles, tratam os negros como lixo. Não apenas os negros, mas os russos, os chineses, japoneses, os índios, os mexicanos, os sul-americanos, etc. Estes têm sempre indumentária de cor preta ou vermelha. Nunca de cor branca ou azul. Na melhor das hipóteses apresentam-se de cor cinza.
Sempre são os seus heróis, ou anti-heróis, louros ou caucasianos, vestidos de branco ou azul, sempre são eles os que vencem.
Até as cores têm preferências. Existem as que servem e as que não. Talvez uma questão de valoração.
É claro que há exceções. Elas sempre existirão. Numa prova mais do que contundente de que regras só as menstruais. Um outro fator – e este decisivo – a favor do elemento feminino, também e ainda grandemente marginalizado. Tanto que no Brasil, pelo menos, precisamos ter uma Delegacia Especializada para a Mulher. Quando bastaria que tivéssemos delegacias especializadas para todos. Mas “Para Todos” foi o nome de um cinema, uma casa de cultura, que existiu no Méier. Cujo espaço é hoje explorado por um desses pontos de arrecadação monetária em que se constituem, muitas vezes, alguns estabelecimentos evangélicos.
Há filmes americanos sensíveis, sensatos, profundos – divinos. Mas não terão habitualmente expressivo valor de mercado. O que pode também nos surpreender, contrariando uma regra que pensávamos estar inteiramente estabelecida. Ou ser irrevogável.
Pode ser que não haja muito sentido nessa constatação. Possivelmente todo mundo sabe disso. Mas nunca é demais o retrato. Afinal, por que registramos muitas vezes as mesmas imagens? Independentemente de suas cores?
Rio, 13/12/2013