NÃO É FÁCIL MAS ...
No ínicio de cada ano letivo, centenas de novos alunos desfilam pelos corredores. Não são apenas novos nomes nas listas de chamada e rostos desconhecidos com os quais tenho que me familiarizar. Passam a ser meus alunos e eu sou responsável pela educação deles.
O comportamento meio que estranho prevalece entre os recém-chegados e os veteranos adoram complicar a integração, sem contar as provocações, brigas, constrangimentos, pirraças, rótulos etc e tal que agora têm um só nome e em inglês:
"B-U-L-L-Y-I-N-G".
O olhar sombrio entrega que as coisas não vão nada bem do lado de lá. Imagine então como vai ficar o lado de cá.
Esbarrões que sofre ao circular pelo pátio e centenas de motivos sem pé nem cabeça fazem o jovem sentir como um verdadeiro ET nesse habitat. E a única vontade é: "ET go home!"
Nem mesmo a saia da mãe serve pra se esconder por que o jovem quer mesmo ficar no escuro de algum quarto imaginando se os outros fazem no escuro o que ele também faz quando ninguém está olhando.
É uma árdua tarefa fazer o adolescente regressar ao planeta Terra. E voltar à sala de aula então, é quase impossível. Pergunte a qualquer professor. Ele com certeza sabe.
Ditar regras, normas e até leis assim como a Auntie Entity (a magnífica e sensual Tina Turner) faz em Barter Town. Como vamos progredir se não houver ordem? Nem mesmo o Mad Max poderia me salvar dos contra-tempos e micos que surgem. Preciso saber por onde devo pisar porque a sala de aula é um verdadeiro campo minado de hormônois à flor da pele.
O medo ronda as escolas nos últimos tempos e tudo por que as normas, regras e leis não são seguidas. Se existem, devem ser aplicadas e respeitadas por todos. Não há exeção. Não há privilégios. Como é que dizem mesmo? "No pain, no gain". Basta seguir as regras que a coisa funciona. Com alguma dor e trabalho, unidos venceremos. Cá entre nós, uma boa dose de GENTILEZA é sempre muito bom!
São trinta e cinco anos ensinando e confesso: Amo tudo isso! Quero os meus alunos se apaixonando pela língua inglesa. Mas como, se lá no Ensino Fundamental tiveram ditadores que se prendiam a um maldito livro e seu gabarito. Ensinar um idioma requer visão, criatividade, imaginação e paixão e se você não tem, garanto que você não vai longe.
Com certeza, tenho essa paixão por que algumas das minhas ex-alunas se formaram professoras de inglês e português, sem contar alguns dos rapazes que abraçaram a vocação. Todos dizem que eu os contaminei. Bendita seja a minha bactéria vocacional! E graças ao bom Deus Pai por eu sempre ter alunos BRILHANTES que me inspiram!
Na 5a. Série, os livros trazem o Past Tense. Acho um absurdo ensinar esse tempo verbal na 5a. Série afinal, as crianças mal acabaram de nascer. Pra criança, tudo é o AGORA! NOW! É muito mais interessante e lúdico mexer com o Present e Present Continuous Tenses que têm tudo a ver com os hábitos, realidade e o agora. Fazer de conta e imaginar rendem muito mais do que a decoreba, fazer cópia e mais cópias. O aluno precisa PENSAR. Matemática, Física e Química são matérias exatas. Inglês é da área de humanas portanto, não há resposta exata.
É interessante interagir com escolas estrangeiras onde o inglês também é o segundo idioma e aprender com um 'Pen Pal' (amigo de correspondência) que acaba virando e-pal e depois quem sabe ... talvez um encontro face-to-face durante um intercâmbio? Porque não estimular um sonho desses!
E porque não interagir com as outras matérias? Inglês flertando com História, Geografia, Química ... Vamos Interdisciplinar! Que maravilha estudar assim!
Mas no Ensino Médio, infelizmente, a garotada tem outros interesses e prioridades. Estão numa nova fase e querem mais é descobrir e interagir com a língua do próximo e outras coisitas mais. Sem mencionar que adoram dormir e matar aula.
A linguagem é viva e a usamos o dia todo seja quando estamos acordados ou não. Como assim? Dormindo também?SIM! Por que sonhamos e não há legendas. Existe som. Até mesmo o surdo mudo sonha com a linguagem, a fala. Agora, já imaginou tendo que dizer, "I LOVE YOU" e realmente transmitir esse sentimento de forma verdadeira e profunda?
Creio que não teria um 'flow' igual nem seria tão bonito como se tivesse dito a declaração na língua materna com todas as letras. Soaria como uma mentira talvez. Seria como repetir em 'unison':
"Repeat after the teacher: The book is on the table."
Cursos de idiomas prometem fluência em apenas quarenta aulas. Como pode? Nem o nosso português feijão com arroz aprendemos em tão pouco tempo.
Alguns alunos já revelaram ódio profundo pela minha matéria e tudo por que não entendem nada. Sempre peço um pouco de paciência e que prestem muita atenção na primeira aula do ano por que sempre faço um 'flashback' explicando o tão temido 'TO BE'. Explico que esse vilão tem que ser domado por que o resto é mole. E pra incentivar mais ainda, eu digo:
"Gente, ainda temos tempo pra dar um upgrade no seu inglês mas, o ano vai ser curto portanto, vambora entender e domar o 'TO BE' e depois vamos aprender muitas outras coisas além de vocabulário usado em games e aplicativos para seu i-phone."
Se isso não funcionar, tenho uma ótima carta na manga:
"E se o grande amor da sua vida fala inglês? Só inglês! Vai querer falar, vai querer saber tudo sobre essa pessoa e não apenas, 'What´s your name?' E se houver concorrência? Oh my God! You are so F***ed UP!"
Geralmente funciona melhor do que pregar o velho sermão: "Você precisa saber falar inglês por causa do mercado de trabalho."
Adoro vender o meu peixe e garanto que aprender inglês não é apenas estudar. Aproveitar bem o conhecimento do seu professor, ser receptivo quando algo é compartilhado e viajar junto na aula. Tem que ser uma experiência bem bacana, as vezes um momento uno por que aí a garotada nunca vai esquecer. O enredo não precisa ser magnífico, pode até ser corriqueiro mas, os personagens e o cenário têm que encantar e ter emoção. Aí, a aula é simplesmente:
'UNFORGETTABLE'!
Convencer 'aborrescente' é soda. Muito soda sem gás e estupidamente quente! Busco progresso sempre portanto, tenho que estabelecer ordem. No pode existir 'NO MAN´S LAND'. Imagine se não houvesse um Tex Willer pra botar ordem no velho faroeste. Com certeza o Wild West jamais teria sido conquistado.
Na minha aula é proibido comer qualquer tipo de doce e/ou mascar chicletes. Afinal, como pronunciar o novo vocabulário com a boca cheia? Me poupem né! A pronúncia é fundamental e precisamos mostrar a diferença ao pronunciar 'Rose' (Rosa) e 'Hose' (mangueira; esguicho) 'Rome' (Roma) e 'Home' (Lar); etc. Imaginou o Jack no Titânic gritando "ROSE!" com som de 'H'? O que o Jack ia querer com o esguicho bem na hora que o navio afunda?
Assim, qualquer docê, balinha, chocolate, salgadinho ou goma de mascar atrapalha na hora de falar portanto, os malditos são confiscados na mesma hora e faço doação para os colegas professores. Ninguém quer ser pego em flagrante. Acredite.
Na verdade, sempre tem um querendo dar um de engraçadinho, né. Certa vez, um aluno estava colocando um Babaloo na boca quando flagrei a cena. Ele podia ter parado e guardado a goma de mascar mas não. Preferiu prosseguir e enquanto ele deliciava o seu Babaloo, me aproximei e estendi a mão, colocando a bem pertinho da boca dele.
Falei sem hesitar:
- Parece que você não ouviu né. Pode botar pra fora e já.
O garoto me deu aquele olhar de pobre coitado mas insisti. Ele perdeu toda sua imaculada graça debochada e aquela enorme borracha cor de rosa quase choque que exalava morango e toda babada veio parar na minha mão.
Do nada, uma patricinha soltou um, "Uiiiiiiiiiiiii! Que nojo!" O rosto da menina estampava escancaradamente nojo total.
Com o enorme chiclete na mão, me dirigi ao cesto de lixo onde o culpado de todo incidente foi depositado.
A jovem não havia se conformada e me perguntou:
- Pôxa Teacher! Que nojo isso, hein? Jamais pegaria num chiclete cuspido. Nunca faria isso! Nunquinha!
Fitei a moça que aparentava ter seus quinze anos e disse:
- Never say never darling! Não vou apostar mas, tenho certeza que você vai experenciar situações muito mais nojentas do que um chiclete cuspido e com procedência duvidosa.
Ela deu aquela olhada tipo que não havia entendido e meio que como se tivesse ensaiado a semanas jogou seu cabelo pro lado como a Joelma do Calypso e meio que decepcionada disse:
- "Não entendi, Teacher."
Retruquei:
- Pois bem minha jovem. Melhor você estudar e muito. Se forma advogada, engenheira, designer ... ou acha um marido rico por que o mundo é mesmo cruel. Se eu, professora formada, pego em chiclete que estava numa boca alheia, imagine você com pouco estudo. Com certeza vai pegar em coisa muito mais nojenta.
Como vê, professor também é orientador profissional.
No ínicio de cada ano letivo, centenas de novos alunos desfilam pelos corredores. Não são apenas novos nomes nas listas de chamada e rostos desconhecidos com os quais tenho que me familiarizar. Passam a ser meus alunos e eu sou responsável pela educação deles.
O comportamento meio que estranho prevalece entre os recém-chegados e os veteranos adoram complicar a integração, sem contar as provocações, brigas, constrangimentos, pirraças, rótulos etc e tal que agora têm um só nome e em inglês:
"B-U-L-L-Y-I-N-G".
O olhar sombrio entrega que as coisas não vão nada bem do lado de lá. Imagine então como vai ficar o lado de cá.
Esbarrões que sofre ao circular pelo pátio e centenas de motivos sem pé nem cabeça fazem o jovem sentir como um verdadeiro ET nesse habitat. E a única vontade é: "ET go home!"
Nem mesmo a saia da mãe serve pra se esconder por que o jovem quer mesmo ficar no escuro de algum quarto imaginando se os outros fazem no escuro o que ele também faz quando ninguém está olhando.
É uma árdua tarefa fazer o adolescente regressar ao planeta Terra. E voltar à sala de aula então, é quase impossível. Pergunte a qualquer professor. Ele com certeza sabe.
Ditar regras, normas e até leis assim como a Auntie Entity (a magnífica e sensual Tina Turner) faz em Barter Town. Como vamos progredir se não houver ordem? Nem mesmo o Mad Max poderia me salvar dos contra-tempos e micos que surgem. Preciso saber por onde devo pisar porque a sala de aula é um verdadeiro campo minado de hormônois à flor da pele.
O medo ronda as escolas nos últimos tempos e tudo por que as normas, regras e leis não são seguidas. Se existem, devem ser aplicadas e respeitadas por todos. Não há exeção. Não há privilégios. Como é que dizem mesmo? "No pain, no gain". Basta seguir as regras que a coisa funciona. Com alguma dor e trabalho, unidos venceremos. Cá entre nós, uma boa dose de GENTILEZA é sempre muito bom!
São trinta e cinco anos ensinando e confesso: Amo tudo isso! Quero os meus alunos se apaixonando pela língua inglesa. Mas como, se lá no Ensino Fundamental tiveram ditadores que se prendiam a um maldito livro e seu gabarito. Ensinar um idioma requer visão, criatividade, imaginação e paixão e se você não tem, garanto que você não vai longe.
Com certeza, tenho essa paixão por que algumas das minhas ex-alunas se formaram professoras de inglês e português, sem contar alguns dos rapazes que abraçaram a vocação. Todos dizem que eu os contaminei. Bendita seja a minha bactéria vocacional! E graças ao bom Deus Pai por eu sempre ter alunos BRILHANTES que me inspiram!
Na 5a. Série, os livros trazem o Past Tense. Acho um absurdo ensinar esse tempo verbal na 5a. Série afinal, as crianças mal acabaram de nascer. Pra criança, tudo é o AGORA! NOW! É muito mais interessante e lúdico mexer com o Present e Present Continuous Tenses que têm tudo a ver com os hábitos, realidade e o agora. Fazer de conta e imaginar rendem muito mais do que a decoreba, fazer cópia e mais cópias. O aluno precisa PENSAR. Matemática, Física e Química são matérias exatas. Inglês é da área de humanas portanto, não há resposta exata.
É interessante interagir com escolas estrangeiras onde o inglês também é o segundo idioma e aprender com um 'Pen Pal' (amigo de correspondência) que acaba virando e-pal e depois quem sabe ... talvez um encontro face-to-face durante um intercâmbio? Porque não estimular um sonho desses!
E porque não interagir com as outras matérias? Inglês flertando com História, Geografia, Química ... Vamos Interdisciplinar! Que maravilha estudar assim!
Mas no Ensino Médio, infelizmente, a garotada tem outros interesses e prioridades. Estão numa nova fase e querem mais é descobrir e interagir com a língua do próximo e outras coisitas mais. Sem mencionar que adoram dormir e matar aula.
A linguagem é viva e a usamos o dia todo seja quando estamos acordados ou não. Como assim? Dormindo também?SIM! Por que sonhamos e não há legendas. Existe som. Até mesmo o surdo mudo sonha com a linguagem, a fala. Agora, já imaginou tendo que dizer, "I LOVE YOU" e realmente transmitir esse sentimento de forma verdadeira e profunda?
Creio que não teria um 'flow' igual nem seria tão bonito como se tivesse dito a declaração na língua materna com todas as letras. Soaria como uma mentira talvez. Seria como repetir em 'unison':
"Repeat after the teacher: The book is on the table."
Cursos de idiomas prometem fluência em apenas quarenta aulas. Como pode? Nem o nosso português feijão com arroz aprendemos em tão pouco tempo.
Alguns alunos já revelaram ódio profundo pela minha matéria e tudo por que não entendem nada. Sempre peço um pouco de paciência e que prestem muita atenção na primeira aula do ano por que sempre faço um 'flashback' explicando o tão temido 'TO BE'. Explico que esse vilão tem que ser domado por que o resto é mole. E pra incentivar mais ainda, eu digo:
"Gente, ainda temos tempo pra dar um upgrade no seu inglês mas, o ano vai ser curto portanto, vambora entender e domar o 'TO BE' e depois vamos aprender muitas outras coisas além de vocabulário usado em games e aplicativos para seu i-phone."
Se isso não funcionar, tenho uma ótima carta na manga:
"E se o grande amor da sua vida fala inglês? Só inglês! Vai querer falar, vai querer saber tudo sobre essa pessoa e não apenas, 'What´s your name?' E se houver concorrência? Oh my God! You are so F***ed UP!"
Geralmente funciona melhor do que pregar o velho sermão: "Você precisa saber falar inglês por causa do mercado de trabalho."
Adoro vender o meu peixe e garanto que aprender inglês não é apenas estudar. Aproveitar bem o conhecimento do seu professor, ser receptivo quando algo é compartilhado e viajar junto na aula. Tem que ser uma experiência bem bacana, as vezes um momento uno por que aí a garotada nunca vai esquecer. O enredo não precisa ser magnífico, pode até ser corriqueiro mas, os personagens e o cenário têm que encantar e ter emoção. Aí, a aula é simplesmente:
'UNFORGETTABLE'!
Convencer 'aborrescente' é soda. Muito soda sem gás e estupidamente quente! Busco progresso sempre portanto, tenho que estabelecer ordem. No pode existir 'NO MAN´S LAND'. Imagine se não houvesse um Tex Willer pra botar ordem no velho faroeste. Com certeza o Wild West jamais teria sido conquistado.
Na minha aula é proibido comer qualquer tipo de doce e/ou mascar chicletes. Afinal, como pronunciar o novo vocabulário com a boca cheia? Me poupem né! A pronúncia é fundamental e precisamos mostrar a diferença ao pronunciar 'Rose' (Rosa) e 'Hose' (mangueira; esguicho) 'Rome' (Roma) e 'Home' (Lar); etc. Imaginou o Jack no Titânic gritando "ROSE!" com som de 'H'? O que o Jack ia querer com o esguicho bem na hora que o navio afunda?
Assim, qualquer docê, balinha, chocolate, salgadinho ou goma de mascar atrapalha na hora de falar portanto, os malditos são confiscados na mesma hora e faço doação para os colegas professores. Ninguém quer ser pego em flagrante. Acredite.
Na verdade, sempre tem um querendo dar um de engraçadinho, né. Certa vez, um aluno estava colocando um Babaloo na boca quando flagrei a cena. Ele podia ter parado e guardado a goma de mascar mas não. Preferiu prosseguir e enquanto ele deliciava o seu Babaloo, me aproximei e estendi a mão, colocando a bem pertinho da boca dele.
Falei sem hesitar:
- Parece que você não ouviu né. Pode botar pra fora e já.
O garoto me deu aquele olhar de pobre coitado mas insisti. Ele perdeu toda sua imaculada graça debochada e aquela enorme borracha cor de rosa quase choque que exalava morango e toda babada veio parar na minha mão.
Do nada, uma patricinha soltou um, "Uiiiiiiiiiiiii! Que nojo!" O rosto da menina estampava escancaradamente nojo total.
Com o enorme chiclete na mão, me dirigi ao cesto de lixo onde o culpado de todo incidente foi depositado.
A jovem não havia se conformada e me perguntou:
- Pôxa Teacher! Que nojo isso, hein? Jamais pegaria num chiclete cuspido. Nunca faria isso! Nunquinha!
Fitei a moça que aparentava ter seus quinze anos e disse:
- Never say never darling! Não vou apostar mas, tenho certeza que você vai experenciar situações muito mais nojentas do que um chiclete cuspido e com procedência duvidosa.
Ela deu aquela olhada tipo que não havia entendido e meio que como se tivesse ensaiado a semanas jogou seu cabelo pro lado como a Joelma do Calypso e meio que decepcionada disse:
- "Não entendi, Teacher."
Retruquei:
- Pois bem minha jovem. Melhor você estudar e muito. Se forma advogada, engenheira, designer ... ou acha um marido rico por que o mundo é mesmo cruel. Se eu, professora formada, pego em chiclete que estava numa boca alheia, imagine você com pouco estudo. Com certeza vai pegar em coisa muito mais nojenta.
Como vê, professor também é orientador profissional.
"A maravilha em ensinar
é ver de perto as largatas
virarem borboletas".
é ver de perto as largatas
virarem borboletas".