Reflexão

Hoje estou um tanto quanto reflexiva... tentando entender de alguma forma como o ser humano pode não ser humano... Salvo algumas acanhadas exceções. Sinto-me incomodada com as atitudes pobres de gentileza... A falta de delicadezas das palavras... Pergunto-me onde foram parar a elegância do comportamento? Quando falo de elegância, não me refiro aqui, a pormenores como saber combinar o sapato com a bolsa ou a gravata com o terno. E sim de humanização.

A humanidade se torna cada vez mais fria... e os valores se invertem. As pessoas se intimidam com gesto de atenção, no qual as palavras antes, consideradas mágicas como, por exemplo: Por favor, obrigada, com licença, desculpa, tonaram-se retrógrado. Desejar bom dia, boa tarde e boa noite é careta, só os mais velhos o fazem. E quando fazem, em sua grande maioria, faz de forma fria... mecânica.

Incomoda-me ver, que uma simples demonstração espontânea, de atenção e cuidado com a pessoa que está ao lado, logo o instiga a pensamentos do tipo: o que ele ou ela quer de mim? As pessoas se assombram com atitude de delicadeza e carinho, como se disso não constituísse a amizade. As pessoas andam tão parcimoniosas no afeto, que se assustam ao serem surpreendidas por um gesto afetuoso.

Infelizmente, de certo modo, isso é reflexo de uma sociedade onde a verdade é mutante e a sinceridade não se cria... Uma sociedade que ao longo do tempo vai se tornando fria e calculista, onde impera a vantagem sobre o próximo, e tudo é pensado para quem sabe no futuro se tirar algum lucro.

As condições de reciprocidade nos relacionamentos são mensuradas no quanto de proveito pode se tirar, tornando assim, irrelevante que possa nesse relacionamento se obter a amizade sincera, sem reservas, sem interesse onde a proliferação do carinho, do respeito e do amor seja o objetivo principal.

Não se ouvem mais falar que alguém possa sorrir para o próximo apenas para tornar aquele momento mais doce ou transformar o dia comum de alguém em um dia mais alegre. Por vezes me pergunto, onde se encaixa a pequena e tão acanhada parte da sociedade que ainda faz questão de cultivar os valores humanos...

Diante dessas questões, na certeza da raridade desses valores... e na ânsia de preservá-los em mim, torno-me escorregadia. Temerosa de melindrar a amizade.