Morre um Expoente.
São poucas as pessoas que são acima do comum. Ou melhor, são raríssimos os seres que são expoentes no campo existencial. Podemos citar dentre eles (que já desencarnaram) Madre Teresa de Calcutá e José Francisco Xavier etc. São pessoas que viveram para a caridade. Elas com certeza tinham alma pura. Elas buscavam na humanidade aquilo que os ensinamentos Divinos sempre apregoaram; ou seja, a pureza como benefício do espírito dentro do infinito mundo transcendental.
Quando uma pessoa desse nível espiritual desencarna as luzes do Universo se acendem formando um caminho límpido rumo ao novo mundo. Creio que essa benção do mundo Universal leva as pessoas de bem direto para um reinado absoluto, sem mazelas, sem conflitos, sem ódios, onde impere a paz e nos sentimentos repouse os fluídos da bondade perene.
Nesta semana foi Nelson Mandela que foi se encontrar com o seu destino pós-vida. Esse homem sofreu, foi humilhado, ficou boa parte de sua vida num cárcere, mas não se afastou do ideal de lutar para uma causa justa. O preconceito e as diferenças estabelecidas entre os homens são refúgios da maldade. Quem quer ser justo assume uma postura que leva às vezes para as muralhas da indiferença. As forças ocultas do mal se solidificam nas separações éticas e nas concepções atrasadas que sempre vêm enfurnadas em posturas radicais que, na maioria das vezes sangram.
Mandela foi corajoso. Arriscou aquilo que é mais valioso no mundo dos vivos que é a liberdade. Teve um direito inalienável usurpado apenas porque jamais admitiu que a raça negra seja inferior com ser humano. Foi ousado. Foi ostensivo nas suas ações. Enfrentou o poder daqueles que os mantinham com a bandeira da ostentação e da opulência. Quebrou regras para a época. Lutou para que se rasgasse algo que era semelhante a uma Constituição de um país. Era um inscrito autoritário e inconsequente. Era um conjunto de regras consideradas imorais, mas eram legais. Nelson Mandela se revoltou. Se expos. Expôs sua família. Deu seu suor pela extinção de tais preceitos. Venceu o Aparthaid, mas sofreu.
Nada como o passar dos tempos e o conjunto de informações acumuladas com a espada ou com inteligência para se romper com as barreiras de humilhações impostas aos homens pelos próprios homens. Hoje Mandela morre como herói. O mundo reconheceu sua bandeira de luta. Aliás, o racismo é algo tão presente na sociedade que até hoje existe gente que é incapaz de chamar um negro pelo nome, por reter em sua concepção a vontade de chamá-lo de ‘preto’. Quantas vezes vimos alguém menosprezar uma pessoa por causa da cor da pele. Isso soa desumano.
Pois é. Mandela se foi com o dever cumprido. Vai se encontrar com as forças transcendentais que movem as boas causa neste mundo afora. Ele se foi como um rei. Despediu-se como um ídolo. Deixou um legado de luta que só reforça o sentimento de altruísmo nas pessoas. Quis Deus que ele se fosse em Dezembro. É neste mês que o mundo para com as suas ondas de incertezas e de exclusão. Quando mais perto estivermos naquele Nascimento incomensurável, mais as pessoas vão ficando sensibilizadas pelas coisas serenas do mundo.
E Mandela se foi sorrindo. Ele se despediu pelo mesmo fim atribuído ao mais cruel dos homens: a morte. Para ambos é mesma coisa. Eles desaparecem das vistas. A única diferença que há entre um e outro é o que fica para os outros. Para eles é a recepção no além-vida que não cabe a nós. Mas fica conosco as lembranças e as proezas que marcaram os tempos e que revelaram os atos. O maldoso será esquecido e lembrando com ranço. Já o bondoso será idolatrado e lembrado com ternura. Esses fluídos hão de chegar a ambos nessa despedida como uma onda de bens acumulados repercutindo em cada um deles a mesma sensação que eles foram capazes de produzir enquanto ser carnal.
Mandela significa solidariedade, amor incondicional, entrega, paciência e perseverança. Ele foi o símbolo da resistência, coisa que não é para qualquer um. Adeus Mandela. Rogamos que Deus tenha lhe reservado um cantinho muito nobre para que agora você possa descansar (verdadeiramente) da fadiga que os próprios homens impuseram ao seu irmão para cuja causa você foi o melhor dos defensores.