Aperto a campainha, quem vem?

Havia tanto tempo que estava ali, mas não sabia por que devia estar ou a quanto tempo já estava. O que posso lhes contar é que, se havia uma hora em que eu me sentia bem, era quando tocava a campainha de meu quarto, pois sempre, detrás daquela porta de madeira branca, surgia, como o mais esplendoroso anjo, uma moça, moça esta que, ao me visitar, já aparecia com um sorriso em seu rosto, o qual me parecia tão sincero e doce que até nos momentos de solidão minha vontade era de acolhê-la em meus braços e agradecer a sua presença. Aquela moça, que cuidava de mim como se fosse sua mãe, preocupando-se comigo a cada momento de sua visita, que me acariciava com seu leve e macio toque e que estava ali por mim, só ela, me entendia nas minhas angústias. Desde o momento em que entrei nesta casa de repouso, onde meus filhos me colocaram dizendo que seria o melhor para mim, sabia que não teria opção. Se nem eles me queriam por perto, por que essas pessoas, que são pagas para cuidarem de mim, há de quererem? Mas, apesar dessas minhas aflições, consegui encontrar minha paz. Como já sou velha, esqueço rápido e fácil das coisas, mas uma delas ainda permanece em minha cabeça, coisa essa que me faz gostar desse lugar. Não sei o nome nem outra coisa sobre ela, minha enfermeira, apenas sei que, ao tocar a campainha de meu quarto, um anjo me atenderá.

tekah
Enviado por tekah em 05/12/2013
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