Eu queria ser loira
Um dia desses trafegando por uma das principais avenidas do Distrito Federal, onde o trânsito é dos mais complicados e para piorar a situação, chovia como se diz no interior de Minas: chuva de molhar cupim. À minha frente um carro de primeira linha chamou-me a atenção devido a performance do seu condutor. O carro zigue-zagueava feito uma cobra-cega no cio, parecia que nada o faria endireitar. Nem mesmo os trovões seguidos de relâmpagos, que cortavam os céus da capital, assustavam a motorista. O segui aos trancos e barrancos por alguns minutos.
Entre o volante e o acento, uma jovem de cabelos pintados de amarelo parecia preocupada com uma possível reunião que teria pela frente. Com toques surreais pintava os cílios insistentemente. Os semáforos pareciam estar acomunados com ela, pois que, todos se abriam à aproximação do veículo. Afora isto, ela falava ao celular com a desenvoltura de uma garota de quinze anos. Nas ultrapassagens ligava a seta e ainda colocava a mão e o braço para fora da janela. Por sinal, as unhas estavam impecáveis, de um vermelho cor de sangue reluzente.
Tentei me aproximar o máximo que pude, queria ter a certeza de que era mesmo uma mulher, com tanta habilidade me passou pela cabeça que poderia ser uma extraterrestre.
Figura como aquela é de uma raridade que precisa ser estudada e mapeada. O QI dela dever ser pra mais de metro e meio. Acho até que ela andou lendo demais sobre a Escola de Binet-Simon. Sua “habilidade mental” deve ser elevadíssima, a “cronológica” me deixou mais confuso do que o time do Fluminense.