Eu me julgo e me absolvo...

Por Mathias Gonzalez

Eu me julgo e eu me absolvo...

Por ter conquistado intencionalmente tantos corações e depois, quando já não havia mais razões para manter um vínculo, ter me afastado silenciosamente sem qualquer intenção de ferir ou magoar.

Por ter dado e sentido prazer sem culpa e da mesma forma me reservado o direito de não mais querer sentir.

Por não ter sucumbido aos apelos de quem me queria perto, corpo e alma, pois para mim, já não teria valor apenas a embalagem física, sem qualquer conteúdo. Estar pela metade não é estar, é parecer. Por isso me absolvo das vezes que parti sem olhar para trás.

Eu me julgo e também me absolvo das recaídas de amor, tragado pela esperança de que tudo pudesse ser diferente e melhor – ou no mínimo igual ao que fora antes, mas descobri que nada havia mudado e que no lugar do amor havia surgido a mágoa que enevoava a possibilidade de renovada felicidade.

Eu me julgo por ter sido egocêntrico ao buscar a minha plena satisfação quando quis, com quem e como a desejei, mas me absolvo por também ter contribuído para a felicidade da outra pessoa e por não ter imposto nada, mas sim, por ter conquistado por meus próprios encantos e meios. Fiz pelo puro prazer.

Eu me julgo pelos “nãos” proferidos a seco ou embalados na diplomacia de quem não quer ferir, mas me absolvo por terem sido os “sims” em maior número e intensidade do que as negativas, restando deste modo um saldo positivo para ser lembrado.

Eu me julgo e me absolvo por ter feito trocas, opções, rearranjos de ocasião, para acomodar meus interesses, mas me absolvo por saber que se não fosse assim, nem eu nem a outra pessoa teria tido o prazer merecido, pois meu coração não estaria entregue. Aonde meu coração estiver pleno, então haverá garantia de que pelo um de nós, será feliz, se não ambos. Em todos os momentos eu fui verdadeiro, fui inteiro. Por isso foi tão bom. Por tudo isso me absolvo.

Absolvo a mim mesmo de todas as faltas que possa ter cometido querendo ou sem querer, sabendo delas ou sem saber, mas eu as assumo na minha condição humana de quem é capaz de reconhecer os erros - meus e dos outros e de perdoá-los, como desejo que perdoem os meus também.

Eu não julgo você, mas te perdoo. Gostaria apenas que você pudesse fazer o mesmo. Se você não o fizer, não importa. Eu já fiz por mim mesmo.

Mathias Gonzalez é psicólogo e escritor.

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