Pinheirinho
Como esta será a primeira vez que irei passar o Natal no meu pequeno quarto em Brasília, achei que devia ao menos montar uma árvore. Mesmo sem muito espaço disponível, optei por uma árvore grandinha, com 1 metro de altura. Também não quis comprar uma árvore pronta, uma que bastasse enfiar em qualquer canto e estava feito o meu Natal. Quis uma que me desse o trabalho de enfeitá-la. Escolhida a árvore, comprei algumas bolas, as mais coloridas possíveis, além de ganchinhos para pendurá-las. Escolhi ainda uma corrente de 50 luzinhas, também coloridas, e que na minha terra são conhecidas como foquinhos. E tratei de montar a árvore e achar um lugar para ela.
A árvore se encaixou muito bem na mesinha do ventilador, logo abaixo do micro-ondas. O ventilador teve que ser transferido para o chão mesmo. Definido o lugar, comecei a colocar os enfeites, com a vantagem de não ser espetado pela árvore a todo momento, como acontecia com os pinheiros verdadeiros na minha infância. No dia seguinte comprei mais alguns, tendo o cuidado de suprimir qualquer enfeite que fizesse alusão a Papai Noel ou a presentes. Comprei mais algumas bolas, alguns sininhos e também algodão – eu sei que não neva no Brasil nessa época, muito menos em Brasília, mas, que diabo, havia algodão nas minhas antigas árvores. Algodão e cabelo de anjo, que era como conhecíamos aqueles macarrões prateados que deviam simular a chuva. Parece que o nome é justamente “chuva de árvore”. Espalhei também um pouco de chuva sobre a árvore, só que não gostei muito do resultado e tirei tudo. Comprei ainda uma estrela para o topo, mas não previ o impacto do seu peso, suficiente para entortar toda a ponta. Por fim encontrei uma com o peso certo, e acho que agora posso dizer que terminei.
Toda essa brincadeira me custou mais de cem reais. Vejo agora uma árvore falsa, com frutos falsos, coberta de neve falsa. Mas é bonita, e quem sabe com tudo isso eu consiga até mesmo resgatar alguma coisa verdadeira.