SIMMEL E ROCHESTER - BREGUICE?
O velho ditado de nossos avós de que "gosto não se discute" é sempre atual. Gostos variam entre as pessoas e até uma mesma pessoa pode ter gostos variados que vão de um extremo ao outro. É o meu caso quanto a preferências literárias. Confesso que leio de tudo um pouco porque gosto de conhecer os diferentes pensamentos, mesmo os diferentes dos meus.
Entre os escritores de romances sempre gostei do drama e do suspense, daqueles que se focam na realidade ou mesmo fora dela. E, por incrível que pareça, ainda prefiro os escritores mais antigos. Não vou falar de Agatha Christie que, para mim, é insuperável no romance policial. Quero me ater a dois tipos radicalmente opostos e que me atraem demais. Tanto é que alguns livros destes autores eu quase sei de cor, tantas vezes os li. Quero falar de Johannes Mario Simmel e de John Wilmot - o Conde Rochester.
Gosto de livros escritos na primeira pessoa e Simmel foi perito nisso. Apesar de alguns críticos dizerem que "o sucesso de Simmel se deve a um bom trabalho de marketing", a Universidade de Boston possui um acervo especial de suas obras e isso é um reconhecimento que muitos escritores gostariam de ter. Pois o que me atrai nele é que a narrativa é feita, geralmente, pelo personagem principal. Personagens humanos, com defeitos e qualidades, com problemas e sequelas comuns ao homem. A impressão que nos passa é que ele próprio vivenciou o que escreve, o que não está longe da verdade, pois todos os seus principais romances têm como cenário a Alemanha e a Áustria do pós guerra. Assim é "Até o Mais Amargo Fim", meu preferido; assim é "Todos Seremos Irmãos", "Só o Vento Sabe a Resposta", entre outros. J.M.Simmel morreu em 2009, aos 84 anos, depois de vender mais de 73 milhões de cópias no mundo todo, e eu ainda estou à cata dos poucos romances dele que ainda não possuo.
No outro extremo das minhas preferências estão as obras de John Wilmot, o Conde Rochester, psicografadas pela médium Vera Krijanowski. Quem já leu algum romance de Rochester sabe que ele se baseia no sobrenatural, no inacreditável e sua imaginação não respeita as fronteiras do concebível. Tendo a Idade Média como preferência, num cenário gritantemente gótico, suas obras prendem o leitor a um tempo patético e repleto de superstição. Um crítico chegou a dizer que Rochester "às vezes dá tiros antes da invenção da pólvora". Seja como for, suas obras têm sido um grande recurso na divulgação do Espiritismo e, praticamente, pioneiras na técnica do suspense. Entre elas merecem destaque "A lenda do Castelo de Montinhoso" e "A Abadia dos Beneditinos".
Alguém pode pensar que, em pleno século XXI, é pieguice eu ainda gostar de autores assim. Como eu disse, já li de tudo um pouco e afirmo, sem vergonha nenhuma, que sou fã de carteirinha de Simmel e de Rochester, com os quais viajo, seja na ficção, seja na realidade. Breguice? Pode ser... mas quem não tem seu lado brega?